quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Viúvas

“Viúvas”- Viudas” Argentina, 2011
Direção: Marcos Carnevale

O diretor argentino de “Elsa e Fred” (2005),sucesso de público e crítica, continua a se interessar pela alma humana e seus meandros. Se, no filme dos velhinhos e seu caso de amor, havia uma homenagem explícita a Fellini e ao universo criado por esse grande cineasta, Marcos Carnevale parece que agora homenageia Almodóvar, nessa história tragicômica de traição, paixão e amizade entre duas mulheres que nada tem em comum, a não ser o amor que sentiram pelo mesmo homem.
Elena, mulher madura, interpretada com talento pela atriz Graciela Borges, é uma cineasta que está dirigindo um documentário sobre as mulheres e o amor, quando recebe a notícia de que o marido Augusto (Mario José Paz) sofrera um infarto e está no hospital. E lá, escuta, dividida entre o amor e o ódio, o último pedido do marido agonizante:
“- Cuida dela...”
“-Como?”
“- Ela não tem ninguém. Não vai aguentar sozinha.”
“- Como pode me pedir isto, Augusto?”
Mas Augusto fecha os olhos para sempre.
Bem que Elena havia notado aquela mocinha vestida numa capa curta, chorando pelos cantos do hospital. O médico havia até se confundido, pensando que ela era sua filha.
Mas no dia do enterro, fica patente que Adela (Valeria Bertucelli), a mocinha, não iria desaparecer tão cedo de sua vida. A imagem viva da traição de Augusto leva flores para Elena e parece totalmente desamparada, sentada nos degraus da capela tumular.
E Carnevale faz então, um desfile de tipos almodovarianos em torno à viúva Elena.
Assim, Esther, a amiga gorda que trabalha com Elena e quer tirar a moça Adela da cabeça da amiga, pondo panos quentes na situação.
Depois a cadela Maggy, adorada por Augusto, para desconforto maior de Elena, jaz pelo chão do apartamento desconsolada e cheia de coceiras.
Por fim a empregada Justina (Martin Bassi), um travesti com pendor para a tragédia, que não pode ser despedida porque parece que conhece segredos da vida de Augusto. Quando quer falar mal de Elena em frente a ela, usa a língua guarani.
Para cúmulo dadesgraça de Elena, Adeladeprimida tenta o suicídio. Mas as provações da viúva não terminam aí.
Esse roteiro sobre as duas viúvas, escrito por Carnevale e Bernarda Pages, tem situações que poderiam ser melhor exploradas. Os sentimentos ambiguos de Elena e Adela mereciam ter sido aprofundados.
Mas a trama prende o espectador e, se não chega a emocionar, também não decepciona.
Não é sempre que o cinema argentino atinge a genialidade. Carnavale não repete aqui o toque de mestre de “Elsa e Fred”. Mas consegue entreter, com ótimos atores.

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