domingo, 30 de dezembro de 2012

A Negociação


“A Negociação”- “The Arbitrage” Estados Unidos, 2012
Direção:Nicholas Jarecki

 Ganância e narcisismo são uma combinação perigosa. Pessoas que possuem essa característica em sua personalidade, geralmente dão um passo maior do que a perna na vida. São onipotentes, não conhecem limites e por isso não avaliam bem a reação das outras pessoas e até mesmo as consequências de suas ações.
No filme “A Negociação”, dirigido e roteirizado pelo estreante Nicholas Jarecki, 33 anos, o bonitão Richard Gere, excelente no papel, incarna o poderoso do mundo das finanças, Robert Miller, com um andar duro, olhos frios e cabeleira branca impecável.
Quando chega em casa, a família o espera com expectativa. Ele é muito ocupado, tem pouco tempo para tudo que não seja ganhar dinheiro mas, naquele dia, ele assopra o bolo de 60 velinhas com a ajuda dos netos. Todos lindos, bem vestidos, elegantes com uma simplicidade cara e encantados com o pai, marido e avô.
A filha (Brit Marling) pergunta depois do jantar:
“- Mas por que você quer vender a empresa, pai? Temos bons lucros...”
“- Para poder ter mais tempo para vocês”, responde ele com cara de santo.
“- Mas para fazer o quê?” retruca a filha inteligente e que conhece bem o pai, já que trabalha com ele.
No quarto, com a mulher Ellen (a oscarizada e ótima Susan Sarandon), bem tratada, alegre mas carente como toda aquela família, ele recebe um convite:
“- Vamos partir por um ano? Uma aventura! Só nós dois? A casa de Ravello... Não usamos nunca...”
Mas ele já está de saída para o escritório. Claro.
E a amante francesa não poderia faltar. Julie (Laeticia Casta) muito mais nova que ele, ganhou uma galeria de arte mas também reclama do pouco tempo juntos:
“- Você nunca vai largar dela, não é mesmo?”
Com o cenário escolhido a dedo, um apartamento em New York com vista para o Central Park, uma família encantadora, uma empresa que aparentemente vai bem, uma bela e jovem amante, por que ele continua se estressando?
Porque ele quer mais, muito mais, sempre.
E quando começam a falar em gerência fraudulenta, parece que vem encrenca por aí. E tudo que pode acontecer, acontece. Inclusive um detetive incansável atrás dele (o sempre convincente Tim Roth).
O filme “A Negociação” distrai pela história que tem reviravoltas e agrada pelo elenco que Jarecki conseguiu reunir e sabe dirigir, dando ritmo ao enredo.
Não se trata de um filme inesquecível? Mas também não é um “blockbuster” sem cérebro. Vale o preço do ingresso.

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