sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum


“Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum”- “Inside Llewyn Davis” Estados Unidos, 2013
Direção: Joel e Ethan Cohen

Estamos no começo dos anos 60 e Llweyn Davis (Oscar Isaac, ator e músico da Guatemala), um cantor sem emprego, procura  trabalho em Nova York.
Não tem um vintém e seu caso com Jean (Carey Mulligan), casada com o amigo dele, Jim Berkey (Justin Timberlake) não deu certo. Ela está grávida, com raiva dele e espera que pague pelo aborto.
Vivendo e morando de favor na casa de amigos, acorda um dia, atrapalha-se com a janela e o gato deles foge. O pobre e desesperado Llewlyn vai atrás mas o gato desaparece. O que dizer aos amigos?
Algum tempo depois parece que  recupera o bichano e agarra-se a ele mas uma carona com Roland, um tipo pavoroso, faz com que mesmo essa amizade felina tenha fim.
Sem um canto seu, sem emprego, sem amor e prestes a perder o apoio dos poucos amigos que o ajudam, a vida dele vai mal.
O filme dos irmãos Cohen retrata uma situação cruel. Por que o jovem cantor de música folk não consegue nada na vida? Será que esse é o seu destino ou é ele mesmo que não faz nada para se ajudar?
Ele é como um cão sem dono, à mercê da bondade ou maldade das pessoas. Ou como uma folha ao vento. E o pior é que o mundo em que ele vive tem pouca compaixão.
Triste e frustrante, o filme pinta um cenário quase que sem nenhuma esperança para o protagonista.
Ele parece que se esforça para dar certo mas a evidência dos fatos mostra o contrário. Mas não é que ele não tenha talento. Não tem sorte.
O fato é que Llewyn, que canta lindamente músicas tristes, está só porque seu parceiro de dupla saltou da ponte para a morte.
A depressão e o luto pesado pelo suicídio do parceiro levam Llewyn a uma sinistra e calada auto-destruição.
Um beco sem saída.
Provávelmente, o voo na ponte será também o seu fim.
O filme ganhou o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2013.
Nas indicações para o Oscar, “Inside Llewyn Davis” só aparece na lista dos melhores na fotografia e mixagem de som. Muito pouco para os Cohen, Joel, 59 anos e Ethan 56, que ganharam o Oscar de melhor filme e diretor em 2008 com “Onde os Fracos não tem Vez – No Country for Old Men” e também o de melhor roteiro adaptado.
Talvez a história triste e desencantada do músico dos anos 60 tenha assustado os senhores da Academia.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Nebraska


“Nebraska”- Idem, Estados Unidos, 2013
Direção: Alexander Payne

Sem sonhos, não há vida, só uma sobrevivência ingrata.
Woody Grant, uns 80 anos, vivia assim, sem alento, bebendo muito, desde garoto, casado há 40 anos com uma mulher que só o criticava, pressagiando-lhe um negro futuro, a internação num asilo.
Talvez tudo fosse culpa dele mesmo. Não sabemos.
O fato é que o velho (interpretado com convicção por Bruce Dern, 76 anos, melhor ator no Festival de Cannes e candidato ao Oscar) parece não ter laços afetivos estreitos com ninguém. Dos dois filhos, o mais velho e bem sucedido, âncora de um noticiário de TV, diz claramente ao mais novo:
“- O asilo é a melhor saída. Ele nunca ligou para nenhum de nós.”
Tudo isso porque últimamente, o velho Woody Grant, descabelado e renitente, fugira de casa por duas vêzes, sendo encontrado pela polícia andando a pé pela estrada. Dizia que ia para Nebraska, onde ganhara um prêmio de US$1 milhão.
Só ele acreditava nisso, não dando ouvidos aos filhos e à mulher que explicavam que tudo não passava de um truque publicitário. Apegava-se àquele pedaço de papel que viera pelo correio como se fosse sua tábua de salvação.
Até que o filho mais moço, David (Will Forte, muito convincente no papel), sente pena do pai e decide levá-lo a Lincoln, em Nebraska. Dessa forma, o velho se convenceria por si mesmo que não existia prêmio algum.
Mas, por trás dessa decisão do filho mais moço há motivos mais íntimos. A namorada dele, gorda e prática, acaba de deixá-lo e ele se sente só e sem futuro como vendedor de uma loja. Identifica-se com o pai desnorteado, buscando uma razão para viver. Quer aproximar-se mais e conhecê-lo melhor. Entender o porquê dessa alucinação com o prêmio e desse fim de vida melancólico.
A viagem torna-se uma volta ao passado para Woody e uma oportunidade para o filho de ver com os próprios olhos as testemunhas da vida do pai quando jovem.
A cidadezinha de Hawthorne, no caminho para Nebraska, é a terra natal do pai e seus irmãos e onde ele conheceu a mulher que viria a ser sua esposa.
Lá eles param para pernoitar e participar de um almoço em família, que vai mostrar como o dinheiro mexe com as pessoas.
E é ali que vamos ver a parte mais engraçada  do filme, com cenas a cargo de June Squibb, que faz a malcriada mulher de Woody, indicada a melhor atriz coadjuvante no Oscar.
A bela fotografia em preto e branco, também indicada ao Oscar, ajuda a criar um clima de passado e estagnação. A cidadezinha de Hawthorne, vazia e fria, parece saída de um quadro de Edward Hopper (1882-1967).
Alexander Payne, 54 anos, indicado ao Oscar de melhor diretor, assim como o seu filme, já ganhou dois Oscars com roteiros seus: “Sideways”2004 e “Os Descendentes” 2011. Com “Nebraska” filma o primeiro roteiro de Bob Nelson, outra indicação ao Oscar, que acerta na história que lida com o envelhecimento e as relações familiares.
Mas “Nebraska” fala, principalmente, do amor entre filho e pai, de forma delicada e simples.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Clube de Compras Dallas


“Clube de Compras Dallas”- “Dallas Buyers Club”, Estados Unidos, 2013
Direção: Jean- Marc Vallée

Todo mundo que viveu nos anos 80, sabe que havia um temido “cancer gay” que dizimou muita gente de uma geração. Depois, descobriu-se o virus HIV que produzia a doença, a AIDS.
Esse filme é a história do eletricista e cowboy de rodeio, Ron Woodroof, que teve sua vida virada de cabeça para baixo, quando escutou, em julho de 1985, o diagnóstico:
“- Seu exame de sangue deu positivo para o virus HIV que causa AIDS. O senhor usa drogas injetáveis? Tem relações homossexuais sem proteção?” pergunta o médico.
“- Está brincando? Não conheço nenhum viado! Misturaram meu sangue com outro (sua fala é recheada de palavrões)”, responde Ron, bravo e assustadíssimo.
“- Sinto muito. Testamos seu sangue várias vezes”, diz a médica (Jennifer Garner).
“ - Lamento. Dadas suas condições de saúde, o senhor tem 30 dias de vida. Sugiro que se organize.”
Ele ouve tudo isso e sai xingando:
“- Não tem nada nesse mundo que mate Ron Woodroof em 30 dias!”
Em pleno estágio de negação da doença e da morte, ele bebe todas, cheira cocaína e promove orgias em seu “trailler” mas tosse muito e não consegue levantar-se do sofá. Em sua mente só existe a imagem da folhinha na parede marcando os 30 dias.
Daí em diante, lembra-se de uma noite fatal e, na fase de aceitação do diagnóstico, ele procura a médica atrás do AZT, que ele sabe, através de suas pesquisas, que é a droga que fornecem aos aidéticos em experimentos financiados pelos laboratórios farmacêuticos que fabricam a droga, não aprovada ainda pelo FDA.
Implora à médica pelo remédio, oferece dinheiro mas ela é inflexível e explica que só os doentes que estão no experimento tem acesso à droga e que, mesmo assim, um grupo toma placebo e outro o AZT. Nem os médicos sabem quem toma o quê.
“- Então vocês dão pílulas de açucar aos moribundos?” pergunta sarcásticamente Ron.
E ele segue em frente, montando um esquema pessoal para obter a droga, que se transforma depois no “Clube de Compras Dallas”, onde os sócios podiam ter acesso aos medicamentos, contrabandeados do mundo inteiro.
Seu encontro com o travesti Rayon, que também está doente, vai mudar seu jeito de ser.
O filme tem uma história real, com atores brilhantes nos principais papéis.
Mattew McConaughey emagreceu 21 quilos para interpretar Ron Woodroof. Mas o que ele faz na tela, assusta. É como se ele estivesse mesmo doente e desesperado. Seu olhar esgazeado lembra o dos touros de rodeio, que a câmara mostra, antes de entrar na arena. Ganhou o Globo de Ouro e é o preferido pelos críticos para o Oscar.
Jared Leto impressiona fazendo o travesti Rayon. Sua feminilidade é de alma, mesmo que vestido com um terno quando visita o pai. Também foi indicado ao Oscar.
Dois grandes atores, uma história real e exemplar, uma direção sem frivolidades do canadense Jean-Marc Vallée e um roteiro bem escrito e seco (Craig Barten e Melisa Wallock, indicados ao Oscar) fazem de “Clube de Compras Dallas”, seis indicações ao Oscar, um filme obrigatório.
Mas será lembrado principalmente pela comovente e corajosa interpretação de seus atores principais.
Impossível não se emocionar com eles.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Philomena

“Philomena”- Idem, Inglaterra/Estados Unidos/ França, 2013
Direção: Stephen Frears

Tudo começou naquele dia de 2003, em que Philomena, sentada na capela da Virgem, parece melancólica e pensativa. O que será que a entristece?
Stephen Frears, o diretor inglês do filme, que sabe contar histórias humanas como ninguém, usa “flash backs” para que possamos entender o que está se passando com aquela senhora.
Ela se vê no passado, mocinha, comendo uma maçã do amor num parque de diversões. Um rapaz bonito se aproxima, conversam e de repente estão longe de todos, num galpão. A maçã cai no chão.
Enquanto lágrimas enchem-lhe os olhos, ela se vê na frente da Madre Superiora olhando severamente sua barriga crescida.
“- Sua mãe não lhe falou sobre rapazes?”
“- A mãe dela morreu há muito tempo, Madre” informa outra freira.
 “- As Irmãs da escola nunca disseram nada sobre bebês”, diz Philomena aos prantos.
“- Não ouse culpar as Irmãs pelo seu pecado! Sua indecência!”
E logo Philomena se vê gritando de dor.
“- O bebê está atravessado! Chamem um médico!”
“- A dor é a penitência dela”, diz a Superiora, ao lado da mesa ginecológica, onde Philomena se contorce.
Mais tarde, vindo da igreja, sua filha, ao ver um retratinho emoldurado na mão de sua mãe, pergunta:
“- Quem é esse menino? “
“- Hoje é seu aniversário. Faria 50 anos.”
E, no coquetel em um hotel, a moça que serve o vinho, escuta alguém dizendo que quer escrever um livro.
“- Desculpe. Não pude deixar de escutar sua conversa. Quer escrever um livro? Conheço uma mulher que teve um bebê há 50 anos atrás. As freiras o tiraram dela. Aconteceu na Irlanda. Talvez tenha sido dado em adoção, sem o seu consentimento. Ela manteve o segredo por todos esses anos.”
Aquele segredo de 50 anos e sua incrível história aproximou Martin, o jornalista despedido da BBC e a senhora irlandesa. Ele viu em Philomena uma oportunidade de escrever um livro e ela queria tanto encontrar alguém que a ajudasse na sua procura pelo filho.
Martin Sixmith, que vai escrever o livro sobre o drama de Philomena, capta em conversas com ela, sua ingenuidade, sua aceitação do que acontecera mas também sua vontade de voltar a ver o filho. Então, sua atitude inicial de distância, de buscar apenas um meio de ganhar dinheiro, é substituida por uma proximidade com Philomena, uma mulher simples mas inteligente, de natureza apaixonada e bem humorada.
Infelizmente, a história das freiras católicas que acolhiam mães solteiras na Irlanda, desamparadas por suas famíias é verdadeira. Em troca, as moças trabalhavam por 4 anos no convento, sem nada receber ou tinham que pagar 100 libras.  Uma fortuna que nenhuma delas possuia. Seus filhos eram adotados, à revelia, por casais americanos que pagavam 1.000 libras pela criança.
Judi Dench, empresta à essa mãe, com um segredo pesado, uma espontaneidade e naturalidade desarmantes. Seus olhos azuis se tornam cinzentos com a lembrança do filho que mal conheceu. Foi indicada a melhor atriz do Oscar 2014.
A verdadeira Philomena Lee, 80 anos, foi vista na TV e jornais, há pouco, com o Papa Francisco. Ela trabalha para ajudar as mães solteiras da Irlanda, que sofreram o mesmo castigo que ela, a procurar seus filhos.  Guardou sua fé.
Steve Coogan, que faz o jornalista é também co-autor do roteiro do filme. A trilha sonora de Alexandre Desplat pontua a tristeza de Philomena e nos comove. Também foram indicados ao Oscar.
“Philomena” foi escolhido para estar na lista dos 9 melhores filmes do ano no Oscar. Se não ganhar, não tem importância, o público vai saber apreciá-lo, tenho a certeza.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

12 Anos de Escravidão




“12 Anos de Escravidão”- “12 Years a Slave”, Reino Unido, 2013
Diretor: Steve McQueen

Na tela, homens negros, pobremente vestidos, nos olham num misto de medo, raiva e censura. Dentre eles,  Salomon Northup. Ele era um homem livre que vivia em Saratoga, Nova York, em 1841, com mulher e filhos e foi sequestrado por gente sem moral mas com muita ambição e vendido como escravo para trabalhar na lavoura. Através de “flash backs”, começamos a conhecer sua história, que é real.
Ele tocava violino e essa foi a sua desgraça, pois valia mais, num mercado que pedia negros saudáveis, que, se tivessem algum talento, tanto melhor para os seus senhores.
Os malfeitores que o enganaram, o embriagam e, à custa de surras num porão imundo, Salomon é obrigado a abrir mão de sua identidade verdadeira para tornar-se um negro fugido, recapturado para ser vendido para os donos das plantações de cana e algodão no sul do país.
Logo, ele entendeu que o matariam se negasse ser um escravo. Mas sua mente consegue cicatrizar essas feridas e não o deixa esquecer-se de quem ele é. Por 12 anos Salomon Northup serviu como escravo, até libertar-se e contar sua história em um livro.
O filme é uma adaptação desse livro, feita por John Ridley, indicado ao Oscar, e que nos envolve com a vida de Salomon, vivido com intensidade por Chivetel Ejiofor,  britânico, que ganhou o Bafta inglês, também indicado ao Oscar, como melhor ator.
Michael Fassbender, outra indicação ao Oscar de coadjuvante, interpreta com nuances bem trabalhadas, um fazendeiro alcoólatra e perverso. Esse homem doentio e atormentado por culpa, tem uma paixão pela bela negra Patsey, na pele da talentosa atriz nigeriana Lupita Nyong’o, mais uma do elenco com indicação ao Oscar de atriz coadjuvante.
São cenas de cortar o coração e indignar nosso senso de humanidade, que percebe nesses negros maltratados, irmãos de outra cor, como diz o personagem de Brad Pitt, numa ponta.
“12 Anos de Escravidão”, do diretor inglês, 44 anos e negro, Steve McQueen ( “Shame” 2011), parece ser o primeiro filme a mostrar profundamente o horror da escravidão, sem medo de descortinar um cenário de horrores e injustiças.
McQueen é um conhecido ativista pelos direitos civis dos negros e seu filme é um libelo chocante que homenageia um homem negro que, conseguindo se libertar de 12 anos de escravidão ilegal, colocou sua pena a serviço da libertação de todos os negros dos Estados Unidos, o que aconteceu em 1865.
Nove indicações ao Oscar, inclusive melhor filme e melhor diretor, coroaram “12 anos de Escravidão”, que ganhou o Globo de Ouro de melhor filme/drama e o Bafta de melhor filme e ator.
Mesmo se não ganhasse prêmio nenhum, o filme serviu para mostrar a atrocidade da escravidão, baseada na crença da superioridade de alguns seres humanos sobre os outros. Uma falsidade repugnante.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Ela


“Ela”- “Her”, Estados Unidos, 2013
Direção: Spike Jonze

Ele escreve cartas para quem não sabe fazer isso. E tão bem, tanto para homens quanto para mulheres, que um colega de trabalho brinca:
“- Você deve ser um pouco homem e um pouco mulher! Senão como poderia escrever cartas tão sensíveis?”
É verdade. Mas também é verdade que Theodore Twombly está claramente deprimido. Está se separando da mulher (Rooney Mara) e não está fácil para ele.
Percebe-se pelo seu rosto expressivo (Joaquin Phoenix está incrível e foi indicado para o Oscar de melhor ator) que ele sofre, que está vivendo mal a solidão, que pensa na ex e se culpa pela destruição da relação mas não tem com quem desabafar.
Até tenta um “sex chat” mas não dá certo.
Vai conversar com o casal que vive no mesmo prédio que ele mas eles também estão se separando. A mulher do casal, Amy (Amy Adams), é quem quer desabafar e ele escuta porque é um ser humano compassivo.
Tudo vai mal, até que ele escuta a voz dela.
Theodore comprou um novo sistema operacional que promete um amigo/a. Uma entidade intuitiva que escuta, entende e conhece a pessoa que utiliza essa forma de inteligência artificial, que é mais do que você imagina. “É uma consciência” diz a publicidade.
Assim, Samantha (Scarlet Johansson, invisível e bela) a voz amiga dele, vem preencher um espaço vazio. E torna-se o centro da vida de Theodore.
Virtual mas sensível e muito inteligente, ela é mais do que uma secretária que organiza e-mails e limpa o computador dele de tudo que é inútil. Samantha é uma companheira divertida, bem humorada, falante, que levanta a moral de Theodore. Ela cresce com as experiências que vive com ele. Ela é a personificação de um sistema operacional do futuro e interage com Theodore de uma forma íntima, calorosa e bem humana. Só lhe falta um corpo.
Claro, ele se apaixona por ela e vice versa. Ele a leva no bolso para que o olho da máquina possa ver o mundo dele e trocar idéias o dia todo. Já não consegue viver sem ela.
Spike Jonze dirigiu e escreveu o roteiro de “Ela”, premiado com o Globo de Ouro e indicado ao Oscar de melhor roteiro original.
O filme pode ser visto como uma fábula, com um toque de ficção científica, numa Los Angeles do futuro (filmado em Shangai), sobre a solidão, o sentimento de perda, a busca pelo amor. Será que um ser humano se apaixonaria realmente por uma voz/consciência, um ser incorpóreo?
Spike Jonze acena com um cenário futurista mas mostra que as necessidades básicas do ser humano permanecem as mesmas. Theodore busca um amor que o faça esquecer a ex. Um luto tem que ser trabalhado e Samantha o ajuda. Mostra que vale a pena viver e amar novamente.
Em um pensamento de psicanalista, poderia dizer que Samantha é o lado acolhedor de Theodore que ele usa para os outros, nas cartas que escreve tão bem mas que não sabe utilizar consigo mesmo.
E soa cabível, o entrevistador perguntar para Theodore, antes de dar Samantha para ele:
“- Como você descreveria o relacionamento com sua mãe?”
“Ela” é um filme doce, amoroso,romântico. Comove. Foi indicado entre os nove filmes melhores do ano para o Oscar.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Uma Família em Toquio


“Uma Família em Toquio”- “Tokyo Kazoozu”, Japão, 2013
Direção: Yoji Yamada

Um casal de idosos vem visitar os filhos que se mudaram da terra natal e vieram morar em Tóquio.
Ficamos sabendo disso pelas conversas na casa do filho mais velho, Koichi (Masahiko Nishimura), que é médico, casado, com dois filhos.
O caçula Shoji (Satochi Tsumabuki), ainda solteiro, foi o encarregado de pegar os pais na estação de trem, já que é o que tem mais tempo livre, mas ele se confunde e vai buscá-los no lugar errado.
A filha do meio, Shigeko (Tomoko Nakajima), também casada, é dona de um cabelereiro que fica na parte da frente de sua casa. Ouve a confusão que o irmão menor causou e sentencia, expressando a opinião geral:
“- Ele não faz nada direito. Não se pode confiar em Shoji.”
O rapaz não tem um emprego fixo mas conserta cenários de teatro e parece ser o menos estressado da família.
Os pais que chegam e não encontram o filho, ficam sabendo pelo celular que ele se enganou e, calmos, pegam um táxi.
Percebe-se pelo jeito dela, que a mulher é a alma sensível e afetuosa do casal. O pai é mais fechado.
Ela, munida de um mapa desenhado num caderninho, tenta ajudar o taxista a achar o endereço da casa do filho. Ele, furioso, explica sem paciência que tem GPS no carro.
Aliás, parece que ninguém tem tempo, nem paciência em Tóquio. Com raras exceções.
A chegada dos pais não deixa de ser uma alegria mas também é um transtorno na vida dos filhos e netos ocupadíssimos com suas próprias vidas. Não é que não gostem deles. Mas querem amá-los à distância.
E isso é algo que poderia ocorrer em qualquer cidade grande do mundo, onde a vida é complicada, cara e exige dedicação ao trabalho.
E é o tema do filme. Nosso modo contemporâneo de viver não dá lugar a nada que atrapalhe o nosso quotidiano entupido de afazeres. Ficamos mais insensíveis?
Ao escutar que o neto mais velho tem que sair depois do jantar para ir ao cursinho, a avó diz:
“- Mas ele estuda também à noite? Deve ser difícil crescer em Tóquio...”
Ela é quem dá a nota de otimismo no filme. Liga tranquila para a ilha onde vivem para saber do cachorro. E, ri, contente, quando é informada que ele está bem e foi passear com a filha da vizinha.
Preocupada com o filho mais moço, a mãe logo se dá conta de que ele é mais parecido com ela do que pensava. E fica feliz.
Lembrada como sendo uma pessoa gentil, ela, o filho caçula e a namorada dele, são os personagens que dão a esperança de que, nesse nosso mundo, ainda existe lugar para a gentileza, sentimentos delicados e compaixão.
“Uma Família em Tóquio”  é uma homenagem de Yogi Yamada, de 83 anos, ao filme “Era Uma Vez em Tóquio” do mestre Yasugiro Ozu (1903-1963), filmado em preto e branco em 1953 e que foi escolhido como o melhor filme de todos os tempos por 358 cineastas do mundo todo num concurso promovido pelo “British Film Institute”.
Esse filme genial já denunciava as transformações ocorridas na família tradicional japonesa naquela época.
E faz coro com filmes atuais como “Pais e Filhos” e “Album de Família”, por exemplo, que traduzem alguns dos problemas que esgarçam as relações no núcleo familiar e que são preocupantes. Precisamos pensar nisso.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

A Menina que Roubava Livros



“A Menina que Roubava Livros” – “The Book Thief”, Estados Unidos/Alemanha, 2013
Direção: Brian Percival

 Quem gosta de ler, sabe como um bom livro é uma excelente companhia. Com ele na mão, esquecemos as horas e ampliamos nossos horizontes.
“A Menina que Roubava Livros” é uma adaptação para o cinema, do livro do australiano Markus Zusak, de 2006. O roteiro de Michael Petroni conseguiu recriar o clima que o autor do livro, lido por milhares de pessoas, imaginou.
É uma história contada pelo anjo da Morte (na voz de Roger Allan) que, ao buscar um menino num trem, na Alemanha de 1938, se sente atraído pela irmã, que ele poupa. Ela será a protagonista da história.
É o ano da nefasta "Noite de Cristais", que prenunciou o que viria a ser o Holocausto. Em seguida vem a Segunda Guerra e muitos vão conhecer a morte de perto. A intenção do autor do livro parece ser a de mostrar como a guerra é dura e cruel para todos que passam por ela, seja de que lado estejam.
Liesel Meminger (a canadense Sophie Nélisse) vai ser adotada por um casal de alemães, já que sua mãe verdadeira é comunista e, perseguida, não pode ficar com os filhos.
O primeiro roubo de Liesel não é exatamente um roubo. A menina pega do chão, um livro que caíra do bolso do coveiro, durante o enterro do irmão dela. Ela o guarda consigo, apesar de não saber ler, aos 10 anos de idade. O livro torna-se a única coisa que ela possui e uma lembrança da vida com o irmão e sua mãe.
Levada à casa dos Hubermann, Hans e Rosa, Liesel vai sofrer perguições na escola porque não sabe ler, diferente dos outros alunos. Mas ganha um amigo, Rudy Steiner  (Nico Liersch, adorável). Ele é bonito, tem cabelos claros e é apaixonado por corridas e Jesse Owen, americano negro que ganhou as Olimpíadas de 1936 na Alemanha, para o horror dos nazistas que projetaram um espetáculo que mostrasse ao mundo a superioridade germânica.
O pai adotivo, interpretado com doçura e humor por Geoffrey Rush, vai ensinar Liesel a ler, começando pelo “Manual do Coveiro”, o livro que ela trouxera consigo para a sua nova casa. No porão, ele pinta o alfabeto e incentiva Liesel a escrever as palavras que vai aprendendo.
A mãe (Emily Watson), aparentemente rude e fechada, mostra para Liesel um lado que luta pela sobrevivência, preocupada que ela é com a alimentação daquela pequena família, que cresce quando acolhem em segredo o judeu Max (Ben Schnetzer).
Liesel e Max se tornam amigos e ela lê para ele nos momentos difíceis, em que o porão gelado é seu único refúgio. E rouba livros da biblioteca do prefeito e até mesmo de uma fogueira nazista.
A fotografia é bela e usa cores neutras que realçam as suásticas e o medo que elas impunham, o vermelho no fogo das lareiras e nas bombas caindo e o branco cobrindo a aldeia no inverno. Fica na nossa retina a linda cena no lago com a floresta de outono.
O diretor, Brian Percival, mais conhecido pela série da TV “Downton Abbey”, faz o seu trabalho sem grandes novidades e a trilha sonora, indicada ao Oscar 2014, é do maestro John Williams (“A Lista de Schindler”), que acrescenta mais emoção às cenas que mexem com o coração.
“A Menina que Roubava Livros”, sem ser nada de excepcional, faz um elogio à amizade, emociona e ensina que um bom livro faz milagres, ajudando a sobreviver a acontecimentos difíceis.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Trapaça


“Trapaça”- “American Hustler”, EstadosUnidos, 2013
Direção: David O. Russell

Será que é preciso trapacear sempre, nessa vida, para sobreviver? Alguns pensam assim.
Um deles é Irving Rosenfeld (Christian Bale). Ele engana até no visual. Numa cena inacreditável de “Trapaça”, o vemos lidando com a calvície no alto da cabeça com um aplique colado à careca e toda uma técnica para esconder o cabelo falso. Muito laquê depois. A quem ele engana?
Parece que Irving engana muita gente desesperada.
Quando encontra Sidney Prosser (Amy Adams, com decotes até o umbigo o filme todo), ouvimos ele dizer em “off”, mais ou menos assim:
“- Ela era uma mulher especial. Veio de um lugar onde as opções eram poucas ( na tela aparece ela meio nua, dançando numa espelunca). Como eu, ela sobreviveu e queria um futuro elegante. Como eu, ela sabia que precisava ter um sonho. Ela veio para Nova York. Queria um lugar na Cosmopolitan. Era inteligente e sabia das coisas.”
E, também em “off”, ela diz:
“- Ele não estava em boa forma e tinha esse problema de cabelo mas tinha confiança em si mesmo. Eu estava sem dinheiro e queria me tornar uma pessoa diferente de quem eu era.”
Quando ele conta como ganha a vida com falsos empréstimos, além da rede de lavanderias e a venda de quadros falsificados, ela comenta:
“- Na lama todos se cruzam em desespero. E você está lá, esperando por eles.”
E, como ela era também uma pessoa que sabia trapacear, tornam-se parceiros na cama e nos negócios, apesar de Irving ser casado com Rosalyn (Jennifer Lawrence, com penteados rocambolescos mas sempre linda) e adorar o filho da esposa, que ele adotara.
Ouvimos Irving falando em “off”:
“- Pelo que sei, todo mundo trapaceia para conseguir o que quer. Trapaceamos até a nós mesmos, de um jeito ou de outro, para conseguir sobreviver.”
Essa é então a motivação dos personagens de “Trapaça”, filme que vem ganhando prêmio atrás de prêmio, 10 indicações para o Oscar.
Como ficou bem claro aqui, há muita falação. Diálogos prolixos e longas digressões em “off”. Isso cansa o espectador.
Fora isso, há uma trapaça complicada por conta do agente do FBI, Richard DiMaso (Bradley Cooper, bonitinho sedutor) que quer usar a dupla de golpistas para pegar políticos corruptos e mafiosos, em troca de liberdade. A história é baseada em acontecimentos reais dos anos 70/80 nos Estados Unidos.
David O. Russell, 58 anos (“O Vencedor”2010, “O Lado Bom da Vida”2012), dirigiu e co-escreveu o roteiro, que não é o ponto forte do filme, prolixo e com uma sensação de “déjà-vu”.
Mas no elenco, principalmente Amy Adams e Jennifer Lawrence, estão muito bem. Esta última faz uma louca cafona e é sempre dona da cena. Com o vestido branco colado no corpão, nem aquele cabelo esquisito consegue derrubá-la.
E, claro, todo mundo vai reconhecer Robert De Niro no papel do mafioso, charmoso como sempre.
A reconstituição de época, figurinos e a trilha sonora só merecem aplausos.
Mas é só. Muito pouco para ser o melhor filme do ano.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Alabama Monroe


“Alabama Monroe”- “The Broken Circle Breakdown”, Bélgica/Holanda,2012
Direção: Felix Van Groeningen

A felicidade de dois jovens, Elise (Veerle Baetens) e Didier (Johan Heldenbergh), mostrada em deliciosas cenas idílicas e sensuais no campo, numa fazendinha que ele herdara dos pais, é bonita de se ver.
O belo corpo branco dela ostenta tatuagens com figuras de filigranas, rosas vermelhas, borboletas e um delicioso laço acima do bumbum. São desenhos delicados e sofisticados. Obras dela, artista sensível que tem um estúdio de tatuagem em Gent, na Bélgica, onde os dois se conheceram.
Didier, muito alto, forte, um tipo rude mas carinhoso, cabeludo e dono de uma barba selvagem, é encantado por Elise. Ele canta num bar com sua banda “folk”, especializada em “greengrass”, música caipira dos Estados Unidos, país que ele sonha conhecer.
Mas a canção que abre o filme, soa como uma nota dissonante, rápidamente esquecida. Fala de um circulo que pode se quebrar e pergunta ao Senhor se pode haver um melhor no céu. Escutamos mais o lado religioso do que o ameaçador. E eles cantam tão lindamente inspirados, tão saudáveis e animados no conjunto de cordas e vozes, que não dá para pensar em coisas tristes.
E, no entanto, a tristeza virá. O colapso do circulo acontecerá.
A segunda nota dissonante, que ficamos sabendo logo no início, é que esse casal feliz vai ter uma menina que vai ficar doente.
O diretor, Felix Van Groeningen, adaptou o que era uma peça teatral para o cinema e conta a história indo e vindo no tempo, criando suspense e levando o espectador a se envolver emocionalmente com os personagens, vividos com intensidade pelos atores. A mistura de passado, presente e futuro vai fazendo sentido ao longo do filme que caminha para um final impactante.
Quando Elise fica grávida e Didier demora para se posicionar, nosso coração se aperta. Mas logo depois o vemos reformando a casa e Elise pintando figuras de sonho no quarto que vai ser de sua filha Maybelle (Nell Cattrysse).
A menina é um anjo caido do céu, loura, alegre e brincalhona. O circulo dos três, tão forte, com aquele pai amoroso e um pouco duro no seu jeito realista de ver o mundo, a mãe delicada mas forte também no seu modo feminino de ser, conhecedora de mais mistérios do que ele e o fruto daquele amor, Maybelle, gritando e pulando, saudável e colorida, de botas azuis e chapéu de cowboy, comove e nos conquista.
O luto é uma passagem difícil em nossas vidas. Sabemos o quanto existe nele de dor e raiva e que muitas vezes parece enlouquecer. A perigosa dor da perda pode destruir tudo o que de bom ainda nos resta. E acontece de querermos morrer também.
Premiado em todos os festivais de que participou, “Alabama Monroe”, concorre ao prêmio de melhor filme estrangeiro no Oscar 2014.
Mas, mesmo sem prêmio nenhum, é um filme que vale a pena ver. Parece entristecer-nos de propósito para que possamos dar um valor maior à vida e ao amor que nos é oferecido.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Ninfomaníaca - Vol. 1




“Ninfomaníaca – Vol.1”- “Nynphomaniac – Vol.1”, Dinamarca/França/Inglaterra
Direção: Lars Von Trier

O que será aquele lugar molhado, de pedras úmidas, beco escuro e amedrontador? Aparece depois de uma tela negra e ruídos indistintos...
Lars Von Trier parece dar o tom de seu novo filme em seus minutos iniciais. Está falando por metáforas no sexo feminino. Por outro lado, claramente o “O” do título do filme lembra uma vagina. E o livro e o filme “Histoire d’O”, que fala sobre masoquismo.
A mulher que jaz ensanguentada naquele chão, quase fundida em suas pedras, será resgatada por um homem mais velho que entende que aquela não é uma situação nem de hospital, nem de polícia.
“- O que você quer?” pergunta a ela.
“- Uma xícara de chá com leite quente” responde a moça.
“- Então é melhor vir comigo.”
E ele a acolhe, troca suas roupas molhadas, e a põe na cama. Ela está maltratada e melancólica.
Ele senta-se ao lado dela e escuta:
“- É tudo culpa minha. Sou um ser humano ruim.”
E, a partir daí, Joe (Charlotte Gainsburg, atriz predileta do diretor) vai narrar a Seligman (Stellan Skarsgard, ator sueco de 62 anos) sua história ou parte dela, porque o filme vai ter uma continuação prometida para breve.
“Ninfomaníaca – Vol.1” faz parte de uma trilogia que começou com “Anticristo”2009 e “Melancholia”2011, filmes que tem em comum o tema depressão. E, consequentemente, raiva e culpa como assunto.
Nem sempre a sexualidade é vivida facilmente. Para algumas pessoas, devido a certas configurações de vida, o sexo é penoso ou usado como solução para lidar com dificuldades.
Joe, na infância, é uma menina como as outras. Descobre sua vagina e seu clitóris, através da exploração que já, desde bebês, fazemos em nossos próprios corpos. E o prazer é despertado. Seguem-se brincadeiras de todo tipo nas quais o órgão sexual é estimulado, seja com cordas, bichinhos de pelúcia, balanços e até mesmo com o chão molhado do banheiro, onde Joe e sua amiguinha escorregam de bruços.
A mãe dela é vista como cruel, autoritária e maldosa. Uma bruxa. O pai, médico e sonhador, muito carinhoso, é adorado. Tudo que vem dele é bom e prazeiroso. Seus passeios na floresta são idílicos. Estamos diante do famoso complexo de Édipo exaltado. Ataques mortais e inconscientes à mãe e a certeza de ter roubado o pai, levam as meninas a experiências de amadurecimento ou não. Certas garotas são como Joe. Fica tudo muito difícil.  
E a atriz Stacy Martin (que faz Joe adolescente) apática, pede para um rapazinho bruto, Jerôme (Shia LaBeou), que tire sua virgindade, aos 15 anos.
Isso feito, com sua amiga B., vão competir para ver quem é a mais poderosa e consegue seduzir mas homens em trens.
Mas, na escalada sexual de Joe, ela só tem para contar maçantes histórias de repetição da mesma coisa, sem qualquer solução para o seu problema. Continua angustiada e insatisfeita. Ela não percebe que faz o que faz por culpa, visando sua auto-destruição.
Seligman, cujo nome traduz-se por Feliz, escuta a narrativa e vai contrapondo outros estados de mente ao de Joe. Leva-a a pescar com vara e  anzol arremessado na corrente de um rio, lembra que os números podem traduzir surpresas inesperadas e que a música já foi alvo de perseguição e proibição na Idade Média.
Ele atua com uma espécie de psicanalista estimulando Joe a sonhar, libertar-se do pesadelo, abrir sua mente a outros pontos de vista, visando a desprendê-la de suas amarras a um sexo viciado, a um estado de alma agarrado à matéria, buscando sensibilidade no lugar errado.
Há até uma piscadela de Von Trier a “De Olhos Bem Fechados”1998, de Stanley Kubrick, através do uso da valsa de Shostakovsky, tocada muitas vezes naquele filme e lembrando que a curiosidade sexual existe sempre no ser humano e pode levar a caminho escuros.
E não podemos esquecer de citar Uma Thurman, que faz uma ponta tragicômica e rouba a cena.
Vamos entender melhor a culpa de Joe e os castigos a que ela se submete de boa vontade no volume 2 de “Ninfomaníaca”?
Espero que sim. Lars Von Trier é um diretor de cinema inteligente e sensível e um personagem às vezes difícil mas sempre criativo.