quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O Impossível



“O Impossível”- “Lo Impossible” Espanha, 2012
Direção: Juan Antonio Bayona

Tudo convidava à felicidade das férias, em um dos lugares mais bonitos do planeta, a ilha de Pukhet na Tailândia.
A família Bennet, depois de um voo vindo do Japão, onde moravam, chega ao paraíso, um resort na Orchid Beach. Águas turquesa, areia branca e um sol luminoso
acolhem a mãe Maria (Naomi Watts), o pai Henry (Ewan McGregor) e seus três filhos, Lucas de 12 anos (Tom Holland), Thomas de 7 (Samuel Joslin) e Simon de 5 (Oaklee Pendergast).
Tinham vindo passar os feriados do Natal.
Por ironia do destino, a suíte do 4º andar que os teria salvado do pior, foi substituída, na última hora, por uma suíte à beira-mar, de onde se viam palmeiras e um mar azul.
Estavam todos animados com o “up grade” e o Natal foi feliz. Não sabiam o que os esperava...
Ficamos com o coração apertado pois sabemos o que vai acontecer. E quando vem, sem aviso, surge a impotência do ser humano frente à força implacável da natureza. Não dá para esboçar um gesto. Só se encolher como Maria faz.
A força de vida do ser humano que o faz sobreviver, apesar das adversidades, é espantosa. Belíssima a cena em que Maria, atingida pelos detritos de toda sorte, quando é tragada pela onda do tsunami, desfalece, seu corpo flutua e, em câmara lentíssima vemos seu braço que rasga a água e faz acontecer o encontro com o ar abençoado, seu corpo vencendo a morte e tragando a vida, numa respiração vitalizante,
Todo mundo viu fotos, filmes na TV, ouviu depoimentos dos sobreviventes mas nada como o cinema para nos
colocar em lugares onde nunca estivemos e sentirmos
o que os outros sentiram. Quando o roteiro, a atuação, os efeitos especiais são de primeira linha, como em “O Impossível”, passamos todos pelo horror que foi o tsunami de 2004, que matou milhares de pessoas, um dia depois do Natal.
Vestimos a pele daqueles que passaram pelo terror e morreram (cerca de 300.000) e sofremos com os sobreviventes, separados de suas famílias e vagando desesperados entre os destroços do paraíso.
Naomi Watts está de arrepiar como a médica despreocupada, em férias, que se transforma na mãe sofrida e tão mais próxima do filho mais velho, que a ajuda a vencer com coragem a batalha pela sobrevivência. Foi indicada para melhor atriz em todos os prêmios que já foram anunciados. O jovem Tom Holland também está perfeito no papel.

O impossível aconteceu. E Maria Belón, espanhola, escreveu um livro contando essa história de pesadelo que passou na Tailândia com sua família e que foi adaptada para o cinema.
“O Impossível” não é um filme em que o desastre é o ator principal. Aqui, a câmara foca em planos abertos a primeira e a segunda onda e os destroços em que se transformou aquele pedaço de paraíso. Mas não é o principal. O diretor Bayona prioriza os rostos feridos, as pernas trôpegas, os olhares cansados , o trauma vivido naquela manhã.
Mostra o ser humano em uma situação de exceção. Vemos gestos egoístas e solidariedade, a emoção do reencontro e as lágrimas da perda dos seres queridos.
“O Impossível” é um belo e terrível filme sobre o imprevisível.

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