domingo, 6 de dezembro de 2015

O Presente


“O Presente”- “The Gift”, Austrália, Estados Unidos, 2015 
Direção: Joel Edgerton

Sentimentos rancorosos há tempo enterrados, quando emergem, podem causar estragos inimagináveis, porque cresceram na sombra, esquecidos, sem a supervisão do bom senso.
Simon (Jason Bateman) está feliz com a mudança de Chicago para a sua Califórnia natal. A proposta do novo emprego é irrecusável e ele vai tentar fazer uma carreira fulminante. Ele é ambicioso e egoísta mas acha que é assim mesmo que se tem que ser, para enfrentar o mercado dos muito jovens concorrentes.
Já sua mulher Robyn (Rebecca Hall) não esconde um ar tristinho. Ela é paciente e tolerante. Mas a recente perda do bebê mexeu profundamente com ela e, além disso, teve que fechar sua promissora empresa de design, para acompanhar o marido na nova vida.
Ela tenta se adaptar sem reclamar e Simon acha que ela está feliz. O cão Bojangles, que ganhou de seu pai, é o companheiro de Robyn, que fica sozinha durante o dia na nova casa, toda cercada de janelas de vidro, enquanto Simon vai para o escritório.
Certo fim de tarde, numa loja para uma compra rápida, Simon é abordado por um rapaz que parece conhecê-lo.O contrário não é verdade, mas o outro diz que estudou com ele e, de repente, Simon lembra-se do apelido, Gordo.
O ex-colega é alto, usa um cavanhaque e há algo estranho nele. Ou seria timidez?
Robyn é rapidamente apresentada e pega seu telefone, enquanto Simon dá ao vendedor o endereço para a entrega.
Qual não é a surpresa do casal quando encontra uma garrafa de vinho na frente da porta da casa, com um bilhete num envelope vermelho, de Gordon Mosley. Robyn fala em agradecer mas Simon não parece entusiasmado com a gentileza.
E Gordo aparece de surpresa no dia seguinte, quando Simon não está, levando uma lista de endereços úteis para Robyn. Convidado a visitar a casa, conversando, acaba descobrindo sobre o bebê que Robyn perdeu.
E Gordon vai ficando e acaba sendo convidado para jantar, durante o qual insiste em contar histórias sobre os tempos da escola:
“- Robyn, sabia que Simon era presidente da classe? Sempre foi muito convincente. Tinha até aquela famosa frase “Simon says”, (“Simon disse”), lembra?”
Gordon já estava um pouco “alto” e Simon diz, discretamente, para Robyn não servir mais vinho.
Quando ele vai, Simon desabafa a irritação:
“- Esse sujeito vai ser sempre desagradável. Sabe como o chamavam? “Weirdo”(Esquisito). Crianças são sinceras. Ele me deixou bem desconfortável com aquelas histórias...”
“- Crianças são cruéis... Vai ver ele era apenas um incompreendido”, retruca Robyn.
Quando voltam de um jantar no dia seguinte, outra surpresa aguarda o casal. Peixes ornamentais para o espelho d’água da casa. Gordo, claro.
“- Temos que agradecer”, diz Robin.
“- Entrando na nossa casa sem convite?Esse cara está passando dos limites”, estranha Simon.
E, de novo, lá está Gordo na janela acenando para Robyn, no dia seguinte. Ela o convida para o chá e ele instala a TV. Mas quando procura o lixo, passa por seu número de telefone na geladeira e vê seu nome riscado e o apelido infantil, “Equisito”, escrito em cima.
Robyn fica sem graça mas Gordo revida com um convite para jantar na casa dele. Eles hesitam mas vão.
E serão muitas as surpresas que o Gordo reserva até o fim do filme.
Em seu primeiro longa, Joel Edgerton dirige, escreve o roteiro, muito bom por sinal e faz o ex-colega estranho. Consegue criar um suspense psicológico, sem sustos baratos.
Estreia promissora do australiano, como diretor e roteirista. Bom ator, já sabíamos que ele era. Atua com talento ao lado de Johnny Depp em “Aliança do Crime”.
“O Presente” é um filme pequeno mas bem envolvente.

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