domingo, 3 de novembro de 2013

O Mordomo da Casa Branca



“O Mordomo da Casa Branca”- “The Buttler”, Estados Unidos, 2013
Direção: Lee Daniels

“A escuridão não pode afastar a escuridão, só a luz pode fazer isso.” Com essas palavras de Martin Luther King, o grande defensor da causa dos direitos civís para os negros americanos, começa o terceiro filme de Lee Daniels, 54 anos, que também dirigiu “Preciosa” 2009, que ganhou dois Oscars e o recente “Paperboy – Obsessão” 2012.
Daniels é negro e ativista do movimento do Dr King.
Forest Whitaker, 52 anos, faz o papel principal nesse drama que conta a história de Cecil Gaines, um menino nascido nos anos 20 do século XX, numa plantação de algodão no sul dos Estados Unidos.
Criança ainda, vive uma tragédia dupla num só dia, quando sua mãe é violentada pelo filho do patrão branco, que mata também seu pai.
A mãe do assassino (Vanessa Redgrave), leva o menino orfão para dentro de sua casa e o inicia nos afazeres domésticos. Ela não sabia mas o destino vai jogar a seu favor e ele vai ser um dos mordomos da Casa Branca e vai servir sete presidentes.
Dizem que o roteirista Danny Strong adaptou a biografia do mordomo Eugene Allen para poder contar a história dos Estados Unidos, principalmente os episódios que marcaram dramáticamente a luta pelos direitos civís dos negros. E conseguiu. Em pouco mais de duas horas desfilam na tela os acontecimentos mais marcantes dessa luta e seus lideres.
Oscar de Melhor Ator pelo filme “O Último Rei da Escócia” 2006, no qual interpretou o ditador africano Idi Amin, Forest Whitaker emociona no personagem do mordomo.
Casado com Gloria (uma espetacular Oprah Winfrey), tem dois filhos, Louis (David Oyelowo), rebelde e que adere com paixão ao movimento iniciante dos direitos civis para negros, contra a vontade do pai e Michael, que morre no Vietnam.
Grande ator, Whitaker sabe passar cada nuance desse personagem que serviu toda a sua vida aos brancos, inclusive aos lideres do país e desde o início, passa a ser transparente, como se não existisse, nem pudesse ter ideias próprias.
Exposto às conversas políticas na Casa Branca e dividido entre seu amor pelos filhos e a negação de que o mais velho tinha razão em sua posição a favor dos cidadãos de sua cor, Cecil trava uma luta íntima entre o “negro da casa” e a pessoa com direito a salário equivalente ao dos brancos e acesso a promoções.
Dentre os sete presidentes a quem serviu, John Kennedy parece ter sido o que mais perto chegou da causa defendida pelos negros, às custas de maus tratos, linchamentos, assassinatos e prisões.
“- Cecil, meu irmão Bobby disse que o seu coração foi tocado e tocou o meu também ”, confessa o presidente a um emocionado mordomo.
Nomes de peso do cinema americano fazem pontas no filme como Robin Williams, que faz Eisenhower, John Cusak como Nixon e Jane Fonda, perfeita como Nancy Reagan.
“O Mordomo da Casa Branca” termina na eleição de Barak Obama presenciada por um velho e orgulhoso servidor da Casa Branca que, finalmente, podia ter esperanças que seus irmãos de cor conhecessem respeito e justiça.

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