quinta-feira, 18 de abril de 2013

Ginger e Rosa



“Ginger e Rosa” – “Ginger & Rosa”, Reino Unido, Dinamarca, Canadá, Croácia, 2012
Direção: Sally Potter

É sob o signo do cogumelo da bomba de Hiroshima, 1945, que duas mulheres dão-se as mãos, numa sala de parto em Londres, para aguentar melhor as dores do nascimento de duas meninas.
Ginger e Rosa são inseparáveis. No balanço, estão de mãos dadas, enquanto suas mães conversam sobre seus problemas com os maridos. O pai de Rosa partiu quando ela nasceu e o de Ginger (Alessandro Nivola) vive se separando e voltando para Nat, a mãe (Christina Hendricks).
Um salto no tempo e vamos para 1962 quando as meninas já são adolescentes mas ainda não começou a “swinging London”. Continuam fazendo tudo juntas, em meio a muitas risadas e segredinhos. Vestem-se iguais, cabulam aula, passam a ferro o cabelo uma da outra, deitam-se na banheira com seus jeans para desbotá-los, brigam com as mães e fumam seus primeiros cigarros.
Mas quando começa o tema rapazes, Rosa (a estreante Alice Englert, filha da diretora Jane Campion) é mais desinibida e interessada no assunto que Ginger, a ruiva, que mais observa o comportamento de Rosa nas vielas escuras onde vão para namorar.
“- Prefiro que o mundo nunca acabe, para encontrar o amor perfeito, que dura para sempre”, sonha Rosa.
“- Mas você não acha que devemos fazer algo para deter essa bomba que vai nos destruir?” responde Ginger.
Ela quer ser poeta, gosta de jazz, de política e sabe quem é Simone de Beauvoir e Bertrand Russell.
A partir daí as meninas vão se separando, cada uma ligada em seus interesses.
Rosa é claramente mais sedutora e o pai de Ginger, Roland, combina nisso com ela. Nas cenas dos três, Ginger sente-se excluída e vê-se a raiva brilhar em seus olhos emoldurados por cabelos de fogo.
São fúrias edípicas próprias da idade e perfeitamente explicáveis? Misturam-se aos ciúmes que sente da amiga e ao medo de tornar-se mulher?
Quando Ginger chegar a extremos, observamos uma nota mais pesada em seu comportamento adolescente.
A crise dos mísseis de Cuba que esquentou a Guerra Fria, faz Ginger enterrar-se no medo do apocalipse, para não sofrer demais com o que acontece ao seu redor, onde as emoções explodem.
O padrinho Mark e seu companheiro (Oliver Platt e Timothy Spall) ajudados por Bella (Anette Benning) bem que tentam trazer Ginger de volta à realidade e torná-la mais razoável.
“Ginger & Rosa” é um filme sobre a passagem da adolescência para a vida adulta, realizado com o talento e as memórias afetivas da diretora e roteirista Sally Potter, 65 anos. É forte e delicado, impactante mas compreensível, como essa fase da vida das meninas, de descobertas sobre a vida e o amor.
A talentosa Ellen Fanning é o centro do filme e consegue convencer como uma mocinha de 17 quando tinha só 13 anos quando o filme foi rodado.
A trilha sonora é deliciosa e o público deixa o cinema ao som de “The Man I Love” no piano de Thelonius Monk, bem impressionado com “Ginger & Rosa”, um filme marcante.

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