sábado, 27 de abril de 2013

Depois de Maio




Depois de Maio”- “Après Mai”, França 2012
Direção: Olivier Assayas

Assim que o filme começa, somos avisados que estamos em 1971, “não longe de Paris”.
Em uma sala de aula, vemos um professor ler para sua classe de jovens de 16, 17 anos:
“Nada existe além da vida, que é a coisa mais frágil.”
Esses jovens, que ainda eram crianças em 68, quando aconteceu em Paris uma mobilização da juventude como nunca antes se vira, também vão ter seus choques com a polícia, em cenas onde existe um corpo a corpo violento, jovens e policiais se enfrentando para valer, porrete na mão, em meio à fumaça das bombas, sirenes, balas de borracha e correria.
Gilles (Clément Metayer) está lá, com seu grupo do liceu e parece que concretizam o que toda juventude exercita: a ideia de mudar o mundo e rebelar-se contra o “status quo”.
Mas claro que o amor e o sexo convivem mão na mão com a política.
E Gilles encontra Laure (Carole Combs) em meio a árvores verdejantes de um bosque de verão, ela de vestido branco comprido de rendas, ele com uma camiseta colorida, pintada a mão.
Mas é uma despedida. Ela conta que vai para Londres com a família, mas que vai escrever para ele:
“- Você tem outro?” pergunta Gilles.
“- Não sei. Pode ser. Tenho que pensar. Mas não quero te perder.”
Para Gilles resta outra alternativa. Voltar seus olhos para sua colega Christine (Lola Créton) que também gosta de cinema como ele e é menos complicada do que Laure.
O ativismo dos garotos do grupo de Gilles é a pichação com palavras de ordem e a confecção de um jornalzinho com ideias anárquicas, fruto de discussões intermináveis. Mas tudo vai desembocar perigosamente numa noite de “coquetéis Molotov”, lançados contra os vigias que tinham delatado os pichadores na escola. Algo saiu errado e um dos vigias é gravemente ferido, o que leva o grupo de jovens a debandar cada um para um lado.
Gilles e Christine vão para a Itália e em meio à garotada de várias partes do mundo, conhecem um grupo de cinema engajado e Christine identifica-se com eles. E lá vai ela para destino ignorado com esse pessoal.
Gilles e seu amigo Alain (Felix Armand), que compartilham o gosto pela pintura, visitam Pompéia e é se inspirando nos afrescos, mosaicos e corpos cobertos de lava do Vesúvio de um passado distante, que os dois percebem que escolheram a arte e que esse é o caminho deles.
E o filme que começa com todas aquelas ideias de mudar o mundo onde vivem, vai dar numa viagem de autoconhecimento e escolha do que vão fazer com o resto de suas vidas.
Olivier Assayas fez um filme bonito e terno, com uma reconstituição maravilhosa de época, para contar a história de sua geração, onde prepondera o idealismo e o amor sobre a autodestruição e no qual, o fazer cinema é colocado em relevância.
Alguns cobraram o fato de que o diretor teria falado só da “sua” geração, de experiências de uma juventude burguesa, mais dada a descobertas de prazeres do que a um trabalho duro de sobrevivência como a grande maioria.
De qualquer modo, Olivier Assayas que dirigiu um filme altamente engajado como “Carlos”, tem o direito de nos mostrar como foi que chegou a ser quem é. Um grande nome do cinema, sem sombra de dúvida.

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