quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A Filha do Pai


“A Filha do Pai”- “La Fille du Puisatier” França, 2011
Direção: Daniel Auteuil

Os romances e os filmes baseados na obra do escritor francês Marcel Pagnol (1895-1974) sempre encantam pessoas que são românticas. Não falo de romances água-com-açucar mas de amores vividos em meio a aventuras, segredos, mentiras ou verdades difíceis de dizer.
E como faz bem ver as paisagens da Provence, que é onde tudo se passa. Campos a perder de vista, capim alto, riachos de águas claras, árvores majestosas e casas de pedra. Sem falar na luz local, a mais linda do mundo.
É numa paisagem dessas que começa “A Filha do Pai”, um campo florido. Uma bela mocinha, Patricia (Astrid Bergès- Frisbey), leva o almoço para o seu pai que faz poços (o “puisatier” do título).
Daniel Auteuil, que já atuou em tantos filmes baseados na obra de Pagnol, como os famosos “Jean de Florette” e “A Vingança de Manon” de 1986, dirigidos por Claude Berri, estreia na direção e como roteirista e faz o papel do viúvo Pascal Amoretti, pai de Patricia e mais cinco filhas.
Aliás, “A Filha do Pai” é uma refilmagem de outra versão, rodada em 1940, dirigida pelo próprio Marcel Pagnol.
As relações familiares, tão importantes nos enredos criados por Pagnol, que teve suas memórias filmadas por Yves Robert em 1990 (“O Castelo de Minha Mãe” e “A Glória de Meu Pai”), aparecem aqui na relação pai e filha.
Ela, que tinha sido a única filha a estudar em Paris, é a princesa da casa mas tem caráter dócil e amoroso. Cuida das irmãs como se fossem suas filhas.
Ora, acontece que Patricia apaixona-se por um aviador, Jaques Mazel (Nicolas Duvauchelle) filho de uma família rica e fica grávida. O rapaz vai para a guerra, sem saber de nada e desaparece.
Dividido entre a honra de seu nome e o amor que tem pela filha mais velha, Pascal quer protegê-la mas, ao mesmo tempo, salvar seu orgulho e dignidade. Aparentemente duro e rígido, é com lágrimas nos olhos que vê-se forçado a separar-se de sua filha. Sua atitude é a esperada pelos padrões moralistas da época.
O fruto “pecaminoso” virá a ser o pomo da discórdia entre as famílias que o disputam, os Amoretti e os Mazel.
Sabine Azema, excelente no papel da mãe ciumenta de Jaques e Jean-Pierre Darroussin que faz seu marido, são típicos personagens de Pagnol que divertem e emocionam sem nunca mostrar vilania.
Felipe, empregado de Pascal, apaixonado por Patricia, é outra figura humana, que se preocupa mais com os outros do que consigo mesmo. Kad Merad, argelino, faz o papel que foi de Fernandel no primeiro filme e sai-se muito bem, soando convincente na sua generosidade.
Uma única canção é ouvida muitas vezes: “Cuore Ingrato” é o contraponto exato para a história que está sendo contada.
Quem sabe até mesmo quem pensa que só gosta de filmes de ação violentos, vai deixar-se levar pela beleza das paisagens de “A Filha do Pai”? Experimentem. Um pouco de saudosismo não vai fazer mal a ninguém.

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