terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Um Homem Chamado Ove


“Um Homem Chamado Ove”- “En Man Som Heter Ove”, Suécia, 2015
Direção: Hanes Holm

Ele viveu um tempo de delicadeza com sua amada e, agora que faz seis meses que ela se foi, nada mais tem sentido nesse mundo.
Ove (Rolf Lassgard, ator convincente), um sisudo sueco aposentado à força aos 59 anos, todo dia vai levar rosas no túmulo de sua mulher, a professora Sonja (Ida Engvoll). Conversa com ela em voz alta, acaricia a pedra e um dia chega a se deitar ao lado dela, em sua morada no cemitério:
“- Quero que saiba. Sinto falta de você.”
Em “flashbacks” vemos cenas da infância de Ove, que perde a mãe muito cedo e não sabe o que fazer para agradar ao pai, muito tímido, que ama seu filho mas não é de demonstrações de afeto. Falam sobretudo sobre carros, o sueco SAAB, pelo qual o pai é apaixonado. Ele trabalha nos trens e Ove herda seu posto quando o pai sofre uma tragédia.
Apesar do jeito caladão quando jovem, Ove sente falta da companhia do pai e, enlutado, sofre dentro de um vagão de trem. Mas, quando vê sentada à sua frente  uma moça de sapatos vermelhos e olhos muito azuis, seu mundo cinzento ganha cores. Ele vive para satisfazer seus desejos e ela, que é professora, estimula Ove a formar-se em engenharia.
Enfrentam juntos as dificuldades que aparecem e estão felizes.
Mas a felicidade um dia acaba quando uma doença fatal leva Ida. E Ove tranca-se numa cara fechada, olhar frio, jeito implicante e resmungão.
Ele é chefe da associação de moradores do condomínio onde mora e todo dia faz uma inspeção rigorosa de tudo, anotando as coisas erradas com especial mau humor.
Uma gatinha de olhos muito azuis teima em aparecer para ele mas, apesar de salvá-la de um apedrejamento, bate o pé e faz a bichana fugir:
“- Suma!”
Só que gatos não desistem com facilidade e veem o que os outros vizinhos de Ove não querem ver. Ele é um solitário, em busca de companhia.
Para resolver essa situação de vida vazia, sem Sonja, Ove resolve tomar uma decisão drástica. Quer morrer.
E quando chegam novos vizinhos, uma iraniana grávida (Bahar Pars), com duas filhas e um marido desajeitado, sua primeira reação é expulsá-los de sua vida como fez com a gatinha. Mas, mesmo mergulhado em sua raiva gelada, num luto fechado, Ove vai ter uma experiência que poderá tirar de sua vida aquele amargor que sente desde muito tempo, quando sua mãe se foi.
Gata no colo, visita o cemitério para contar seus planos para aquela que ele amou com todas as suas forças. Abre-se para a vida.
Ove, vivido pelo grande ator Ralf Lassgard, conquista o público com seu jeito bravo tragicômico. Torcemos para que ele não se mate e viva a ternura que ele tem para dar e receber de volta.
O filme foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro e maquiagem/penteado. É de praxe nessa categoria premiar uma maquiagem realista: o envelhecimento de Ove, que aliás parece bem mais velho que os 59 do subtítulo. O roteiro foi adaptado de um bestseller que vendeu 700.000 exemplares no mundo todo, de Fredrick Backman.

Um filme que trata de assuntos sérios com bom humor. 

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