segunda-feira, 30 de março de 2015

Dívida de Honra


“Dívida de Honra”- “The Homesman”, Estados Unidos, França, 2014
Direção: Tommy Lee Jones

Na conquista do Oeste, que ampliou o território dos Estados Unidos do Atlântico ao Pacífico, heróis já tiveram contadas suas histórias. Mas e os bastidores da conquista?
Tommy Lee Jones, em seu segundo longa como diretor e ator, vai lembrar das heroinas, as mulheres que, com muita coragem, ajudaram os pioneiros a estender as fronteiras de seu país. Inspirado no livro de Glendon Swarthout, “Dívida de Honra” traz, para o centro da cena, também as vítimas desse episódio da História dos Estados Unidos, que já produziu tantos filmes de faroeste. Nenhum como este.
Em uma paisagem inóspita, de uma beleza rude, aquela mulher de 31 anos, Mary Bee Cuddy (Hilary Swank, que ganhou um Oscar por “Menina de Ouro”2004), trabalhadeira e corajosa, cuida sózinha de sua fazendinha. Ela é primorosa em tudo que faz. Veio de Nova York e tem saudades das árvores de lá. Mas, não reclama de trabalho. Suspira apenas por um marido, uma mão para ajudá-la, um companheiro para partilhar de sua cozinha caprichada e escutar a voz afinada que se acompanha com um piano imaginário, com teclas desenhadas sobre um pano.
A pequena comunidade, no entanto, não oferece candidatos que a apreciem. É considerada chata e mandona. Aqueles eram tempos em que lugar de mulher era no trabalho extenuante, parideira para dar filhos aos homens grosseiros e brutos.
Não é de se espantar que as mais frágeis não sobrevivessem ou enlouquecessem. E o que fazer com essas loucas?
Mas Mary Bee era forte e não se deixava amestrar, além de possuir um coração generoso. Quando não aparece um homem disposto a levar as pobres loucas de volta para as famílias delas, ela se propõe a fazer a viagem. Diga-se de passagem que o trajeto podia levar cinco semanas, dependendo do que se cruzasse pelo caminho. O perigo espreitava, seja sob a forma de homens sem escrúpulos e índios que odiavam os brancos e, ainda por cima, fome, sede, frio.
Quis o destino que ela encontrasse George Briggs (Tommy Lee Jones), o salvasse da morte e com isso obrigasse ele a acompanhá-la no transporte das loucas, a tal “dívida de honra”.
Um filme que mostra a tragédia feminina mas também a coragem e determinação de Mary, aliadas a uma alma nobre e gentil, que fará com que aquele homem, igual aos outros, queira ser melhor.
Tommy Lee Jones dirige seu filme com o talento de quem conhece a arte do cinema e, como ator, traz humor e expectativas interessantes para o seu personagem.
“Dívida de Honra” é um filme a que se assiste com emoção, graças ao show de interpretação do elenco luminoso, onde, de quebra, vemos Meryl Streep , numa gloriosa ponta.

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