quinta-feira, 11 de julho de 2013

O Cavaleiro Solitário


“O Cavaleiro Solitário” – “Lone Ranger”, Estados Unidos, 2013
Direção: Gore Verbinski

Certas histórias, contadas seja na literatura, TV ou cinema americano, vão sendo aos poucos recontadas com maior precisão histórica. Ou seja, uma outra versão, mais de acordo com os fatos, se impõe. Mas como fazer isso sem chocar uma nação?
“O Cavaleiro Solitário” começa bem. Porque um menino, vestido de “Lone Ranger”, com máscara e distintivo, quer saber mais sobre a história de seu país.
Estamos em São Francisco, 1933 e o garoto entra numa feira e vai visitar o pavilhão “Wild West” (Oeste Selvagem). Em vitrinas, ele vê um búfalo empalhado, um urso idem e se assusta com um velho índio, pintado de branco e com marcas de pintura de guerra, que traz uma ave negra na cabeça e surpreendentemente fala:
“- Vamos fazer uma troca? Você me dá uns amendoins e eu te dou...isto!”, diz, acenando com um ratinho morto que sai de seu bolso.
Johnny Depp, com seu jeito característico de atuar, imediatamente faz uma ligação com a plateia e o filme deveria se chamar “Tonto” porque ele rouba todas as cenas.
É ele que conta a história que começa no Texas em 1868, época em que todos os americanos que lá viviam, andavam armados, disputando o território palmo a palmo com búfalos, ursos e índios.
Muita bandidagem, corrupção e maus instintos, iriam tingir de sangue aquela paisagem singular, suas pristinas areias e rochas solitárias, formando desfiladeiros estreitos que serviam para emboscadas fatais.
E a dupla “Lone Ranger” e Tonto vai entrar em choque justamente com esse lado mau do Velho Oeste.
John Reid, o cavaleiro solitário (Armie Hammer), é um homem que defende a justiça e a lei. Tonto é o último sobrevivente de sua tribo, extinta pela ganância dos homens que queriam suas minas de prata.
Parecem uma dupla estranha mas a vida e os ideais comuns os unem.
“O Cavaleiro Solitário” é um faroeste com tudo ao que o gênero tem direito. Vemos homens e cavalos, os “cowboys”, roubos a bancos, a implantação da ferrovia transcontinental, perseguições loucas em cima dos vagões dos trens e até um bordel, chefiado por uma atraente Helena Bonham Carter, que tem uma perna falsa de marfim, sexy e mortal.
Tem também o lendário Silver, cavalo branco imponente, que ajuda o cavaleiro solitário em apuros. “Aiôôô Silver!” é o grito de guerra do “ranger” (policial), que foi muitas vezes chamado erradamente de Zorro, por causa da máscara negra.
Lançado no feriado de 4 de julho nos Estados Unidos, não foi o sucesso de bilheteria esperado.
Pode ser que a história do país, contada levando em conta a verdade dos fatos, apesar das piadas e situações divertidas inventadas pelo roteiro, ainda é indigesta para os americanos, que preferem heróis mais escapistas e menos melancólicos que Tonto e o “Lone Ranger”.

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