sexta-feira, 22 de março de 2013

A Busca

 
 
“A Busca”, Brasil, 2012
Direção: Luciano Moura

O rosto expressivo de Wagner Moura, transtornado, em lágrimas, cambaleando no meio de uma estrada. De repente um baque. Atropelado?
Esse começo, com a cena que se repete no meio do filme, nos faz conhecer o estado em que se encontra o personagem Theo, médico, pai de Pedro (Brás Antunes), quase 15 anos e ex-marido de Branca (Mariana Lima).
Ele não se conforma com a separação. Está tão deprimido com a situação de seu casamento, que a raiva explode nele por quase tudo. Seu mundo desabou. Não presta atenção em nada. Só pensa em convencer Branca a voltar com ele.
Pior. Desconta o que lhe vai na alma em cima do filho, Pedro, que faz aniversário em breve e ganha uma cadeira do avô. Por que Theo não quer que o filho aceite o presente do pai dele?
Havia entrado na casa da família com a chave que ainda guardava, sem ter direito a ela, e reclamara com Branca, com um jeito bravo, que Pedro não tinha ido na reunião de intercâmbio para a Nova Zelândia.
Notamos por esse diálogo que Theo quer escolher à força um caminho para o filho.
Logo ficará patente que conversa do garoto com os pais não existe. E ele some no mundo sem deixar pistas.
É a história dessa busca que o filme do estreante em longas, Luciano Moura, vai contar. O roteiro escrito em parceria com sua mulher, Elena Soarez, descreve a viagem de um pai à procura do filho, por estradas de terra que o menino trilhou em um cavalo negro, que adotara na Zoonose.
Por que Pedro fugiu num cavalo? Ninguém sabe dizer até que a mãe, vasculhando desesperada o quarto do filho, encontra desenhos que fornecem indícios para que o pai possa procurá-lo.
À medida que essa busca se desenrola, Theo vai encontrando personagens e lugares que mostram sinais rarefeitos de Pedro. Isso vai levá-lo a também procurar dentro de si as memórias do filho perdido e Theo revigora assim, o laço que parece que tinha ficado esquecido dentro dele.
A viagem de carro pelas estradas pouco trafegadas entre São Paulo e Espírito Santo, é acompanhada por uma imersão de Theo em seu interior e, buscando o filho, ele vai reencontrar a si mesmo. Aliás, esse é sempre o destino das buscas que envolvem afetos.
O maravilhoso ator Lima Duarte, em uma ponta, mostra o seu talento e esclarece o enigma da fuga do garoto.
A vida tem desses desencontros e reencontros e “A Busca” mergulha nesse tema, envolvendo o espectador com emoção, paisagens pouco vistas, bela fotografia e música de Arnaldo Antunes, pai do adolescente que faz Pedro.
Como disse o próprio Wagner Moura, um dos nossos melhores atores, “A Busca” é “um filme brasileiro argentino”. E claro que isso é um elogio.
 

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