quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Bel Ami, o Sedutor


“Bel Ami, o Sedutor”- “Bel Ami”, Reino Unido/ França /Itália, 2012
Direção: Declan Donnellan e Nick Ormerod

Subir na vida usando o belo visual, fazendo sexo sem escrúpulos e envolvido em mentiras, pisando em tudo e todos, sem nenhum arrependimento ou remorso.
Esse é o roteiro pessoal de Georges Duroy, na Paris da última década do século XIX, no filme “Bel Ami, o Sedutor”, que se inspira no romance de Guy de Maupassant de 1885.
Mas esse livro poderia ter sido escrito hoje. O enredo não passou de moda num mundo onde muitos querem ser famosos e ricos, custe o que custar, de preferência sem fazer nenhum esforço para isso e, pior, sem medir as consequências de seus atos e jogando os escrúpulos pela janela. Chamar a atenção sobre esses tipos e o modo perverso como atuam, é uma das qualidades do filme.
Guy de Maupassant, escritor francês, autor de “Bel Ami", faz um retrato debochado da sociedade parisiense nos anos entre os séculos XIX e XX, para isso colocando no centro do palco, seu herói sem caráter, Bel Ami.
No cinema, Robert Pattison, o famoso vampiro da saga “Crepúsculo” é Bel Ami, apelido dado a Georges Duroy pela filha de sua primeira amante da alta sociedade parisiense, uma criança ingênua.
Ao chamá-lo assim, a menina viu no rapaz apenas a bela estampa, roupas caras e a vontade de agradar. Só a aparência. Tipos como Bel Ami, aliás, sempre fizeram sucesso entre as mulheres ingênuas de todas as idades...
O filme tem com subtítulo “O Sedutor". E, certamente, enfatiza mais esse lado donjuanesco do personagem. Mas Georges Duroy não tem a sedução em si como seu verdadeiro objetivo. Ele almeja poder e dinheiro, conseguindo sempre tudo o que quer através de manipulações sedutoras e inescrupulosas.
Robert Pattison se esforça no papel titulo mas não possui as características que imaginamos para o personagem quando lemos o livro. Faltam nuances em seu comportamento, frieza no olhar, insinuações libertinas e humor perverso.
O descompasso entre o ator e as atrizes que o cercam, dão ao filme um ritmo defasado. Elas brilham e ele é o coadjuvante, quando deveria ser o contrário.
Se não, imaginem. A maravilhosa Uma Thurman faz Madeleine, bela, inteligente e também manipuladora. Christina Ricci, juvenil, é Clotilde, a mais romântica e generosa. E Kristin Scott Thomas, com a sua sensibilidade apurada a serviço de sua personagem, é Virginie, a mulher mais velha e inexperiente que não entende o que Bel Ami quer com ela. Convenhamos, precisaria ser muito carismático para enfrentar um trio desses e não perder a liderança.
“Bel Ami, o Sedutor” tem uma fotografia que valoriza os atores e a cidade de Budapeste, onde foi rodado e direção de arte esmerada. Figurinos atraentes e trilha sonora bem encaixada.
O filme agrada porque tudo é bem cuidado, Robert Pattison tem uma bela figura e as atrizes são magníficas mas está longe do requinte psicológico com que Guy de Maupassant escreveu seu livro famoso, um clássico da literatura.



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