quarta-feira, 15 de agosto de 2012

À Beira do Caminho



“À Beira do Caminho”- Brasil, 2012
Direção: Breno Silveira


Quem não tem uma música de Roberto Carlos marcando um momento romântico em sua vida? O Brasil todo sabe cantarolar Roberto Carlos.
O diretor de cinema Breno Silveira (“2 Filhos de Francisco” ) é até explícito: sem as músicas de Roberto Carlos não haveria o filme “À Beira do Caminho”.
Na tela, um caminhão enfrenta a poeira numa estrada deserta da Chapada Diamantina, no sertão da Bahia. E já ouvimos:
“Quantas vezes eu pensei voltar...”
Na boleia, um cara barbudo, com o rosto fechado. Adivinha-se nele um sofrimento antigo.
À noite, sozinho na imensidão, ele e seu caminhão junto à fogueira, ele rabisca algo num caderninho. E, de novo, escuta-se a canção:
“Quantas vezes eu pensei voltar
E dizer que o meu amor nada mudou,
Mas o meu silêncio foi maior...”
E lá se vai o caminhoneiro em sua jornada lenta e solitária, perdido em suas memórias.
Até que em uma noite ele encontra, escondido dentro do caminhão, não um bicho ou um ladrão, como pensava assustado, com um revólver em punho mas um menino. Certamente num dos lugares onde parou à beira da estrada, o pequeno intruso aproveitara para se esconder lá dentro.
“- Por favor, não atira, moço. Só tava pegando uma carona...”
“- Saia já daí!”
E o garoto mulato, de olhos expressivos, pede:
“- Moço, você não vai me deixar aqui, né?”
E a sorte está lançada. Os dois vão fazer a viagem juntos.
João (João Miguel), o caminhoneiro triste e Duda (Vinicius Nascimento), o garoto que procura encontrar o pai, que nunca viu. Nessa vida ele não tem mais ninguém. O retrato 3x4 do pai está sempre com o menino, assim como o da mãe já morta, uma mulata bonita que sorri na foto.
O caminhoneiro atormentado por seu passado e o menino que ele encontrou, vão viver aventuras naquela estrada que os uniu, já adivinhamos desde o início do filme. A simplicidade da história mas também suas reviravoltas e o desempenho dos atores (inclusive Dira Paes, numa ponta que ela aproveita bem), conquistam o nosso coração e seguimos com eles.
No caminho, as paisagens de um Brasil que poucos conhecem, os rios com águas claras, o cerrado sem fim, as fogueiras para se aquecer à noite e as músicas de Roberto Carlos.
“Presta atenção! Essa é a nossa canção!
Vou cantá-la sempre aonde for
Para nunca esquecer o nosso amor...”
“- Você não tem família, João?” pergunta Duda sem medo da cara feia do outro.
E o homem só, se lembra de uma saia florida.
“Como vai você?
Que já modificou a minha vida...”
As lembranças que João traz no peito e que não o deixam em paz, causa daquele sofrimento antigo, vão reacender um sentimento em seu coração.
E nós, na plateia do cinema torcemos pelos dois que procuram a quem amar.
A traseira filosófica do caminhão ensina: Espere o melhor, prepare-se para o pior e aceite o que vier.
Um filme singelo esse “À Beira da Estrada”. Roteiro interessante de Patricia Andrade com a colaboração de Domingos de Oliveira e fotografia sem malabarismos de Lula Carvalho.
E como é gostoso ouvir a voz doce de Vanessa da Mata cantando junto aos créditos finais:
“Olha aqui,
Presta a atenção,
Essa é a nossa canção...”

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