terça-feira, 1 de maio de 2018

Tudo que Quero




“Tudo que Quero”- “Please Stand By Me”, Estados Unidos, 2018
Direção: Ben Lewin

Ela (Dakota Fanning) é jovem, loura, cabelos longos, olhos azuis, não muito alta, jeitinho rígido, rosto sério. Wendy tem um problema. Mora numa casa em São Francisco dirigida por uma psicóloga (Toni Collette) porque apresenta um quadro de autismo, sem sintomas graves.
Apesar disso, não pode morar com a irmã como quando a mãe delas era viva. Audrey é casada e tem uma bebê pequena ainda. E tem medo que durante um ataque de raiva, (“tantruns”) comuns às pessoas com a síndrome autista, ela machuque sua filhinha sem querer.
E esse é o grande sofrimento de Wendy, que quer morar com a irmã. Apesar do muito que ela progrediu desde que vive naquela casa para jovens com problemas, Audrey não cede.
Então, para mostrar à irmã que é capaz, inteligente e que pode controlar suas emoções, Wendy está escrevendo um roteiro para um concurso da Paramount Pictures. Ela é fã de “Star Trek” e, como muitos autistas, especializou-se, sabe tudo sobre a série, nos mínimos detalhes. Dedica-se ao roteiro com todas as suas forças. Se ganhar o concurso, os 100.000 dólares do prêmio poderão ser usados para evitar a venda da casa onde as duas irmãs cresceram.
Mas Wendy tem limitações. Trabalha numa confeitaria, onde não precisa manter contato visual com os clientes, coisa difícil para ela. Está sempre com os fones de ouvido, ligada em seu iPod, já que barulhos altos a perturbam. E tem um caderno que usa preso ao redor do pescoço, onde escreve aquilo que não pode esquecer.
Também segue uma rotina diária estabelecida para que não tenha que tomar decisões que causem estresse. Cada dia, uma cor determina o que deve usar para se vestir. A ordem das tarefas diárias também está escrita numa lista ao lado do espelho do seu quarto.
Ela tem um chihuahua chamado Pete que veste sempre uma roupinha azul com um emblema amarelo que lembra o uniforme dos tripulantes da nave de “Star Trek”. O cachorrinho é um personagem importante.
Algo na história do dr Spok, o alienígena que não expressa suas emoções, racionalizando tudo e o Capitão Kirk, corajoso e bom caráter, toca Wendy de muito perto. Também ela está perdida, longe de casa e o mundo das outras pessoas pode ser perigoso e ininteligível para ela.
Vamos ver, no entanto, que ela é capaz de viajar sozinha para Los Angeles para salvar seu roteiro de quase 500 páginas. Ele tem que ser entregue a tempo dento do prazo do concurso.
Wendy vai passar por alguns apertos mas a vemos conversando consigo mesma para acalmar-se e não perder de vista seu objetivo.
O filme é baseado numa peça de um ato de Michael Golamco, que também escreveu o roteiro. A trilha sonora agradável, com músicas leves e adolescentes, é do brasileiro Heitor Pereira.
Apesar de tentar familiarizar as plateias com o autismo, o filme não é nenhum “Rain Man”. Se você for exigente e quiser ver mais realismo e aprofundamento psicológico dos personagens, esse filme não é para você.
Mas se quiser apenas “uma sessão da tarde” bem realizada, “Tudo que quero” poderá agradar. Nada contra.


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