sábado, 10 de março de 2018

Pantera Negra



“Pantera Negra”- “Black Panther”, Estados Unidos, 2018
Direção: Ryan Coogler

Filmes de super-heróis nunca foram o meu forte. O que eu mais gostei foi “Mulher Maravilha” com a Gal Gadot. E claro, os primeiros do “Superman” e do “Homem Aranha”. Esses outros heróis da Marvel não me emocionam. Detesto o barulhão e as lutas entre brutamontes.
Mas fui ver o “Pantera Negra” porque fiquei curiosa com o que ouvi dizer.
E acho que foi a beleza e a delicadeza do mundo de Wakanda, onde as planícies e as cachoeiras da África se misturam a uma civilização tecnológica que não esqueceu suas raízes, que me conquistaram.
O prólogo conta a origem lendária do povo daquela nação que o mundo desconhece e há ali um respeito aos ancestrais e às leis que ordenam essa civilização.
Ao invés de lutas violentas e irracionais, há uma família em luto e um filho que chora a perda do pai e sabe que deverá sucedê-lo.
Chadwick Boseman faz o Pantera Negra com grande dignidade. Ensina postura e atitudes em situações que envolvem a família, política e responsabilidade com o seu povo.
A cerimonia da consagração do novo rei passa por um belo ritual no qual há um contato com os ancestrais e aprendemos o que ocorreu no passado. É linda a cena da árvore de grandes galhos onde se deitam as panteras de olhos brilhantes, contra um céu estrelado, em tons de rosa, turquesa e magenta.
O roteiro explora, com acerto, o questionamento que o próprio rei se faz quando fica sabendo como o seu pai agiu em questões de família. E o posicionamento dele não será inflexível nem autoritário. E aí há mais um exemplo para os jovens. Lutar por seus ideais mas informar-se e, se necessário, mudar de opinião.
O racismo intolerável que existe em nosso mundo precisa ser questionado com argumentos. O filme coloca a questão em termos do que aconteceu nos anos 60, nos Estados Unidos, quando havia uma oposição entre o pacifismo de Martin Luther King e o ativismo radical dos Panteras Negras. São os dois que se defrontam, T’Challa e Killmonger (Michael B. Jprdan), em luta pela coroa.
E, na verdade, aquele que chega para questionar o rei, tem os seus motivos para agir como age. Lembramos da escravidão e das perseguições que ainda sofre o povo originário da África.
As mulheres do filme são fortes como a líder das guerreiras Dora Milaje, Okoye (Danai Gurira), sábias como a rainha mãe (Angela Basset), inteligentes como Shuri (Letitia Wright) e apaixonadas como Nakia (Lupita Nyong’o). Elas lutam como os homens e são eficientes e indispensáveis.
A originalidade e o atrativo dos figurinos (de Ruth C. Carter) ajudam a construir a personalidade da nação Wakanda. São cores, formas, adereços, pinturas no corpo e máscaras que unem o que conhecemos como tribal ao imaginário tecnológico. Do telefone com holograma às entranhas da montanha com trens que se movem por levitação magnética e a roupa que não deixa passar projéteis nem golpes, carregando a energia para ser usada contra o agressor do Pantera Negra, são surpresas a todo momento. Tudo à base de vibranium, uma espécie de metal que veio do espaço e existe em abundância em Wakanda.
As cenas de ação e as lutas estão a serviço de um roteiro bem escrito e não são a finalidade do filme. Mas quando acontecem são ferozes.
Se você também não é fã de super-heróis, dê uma chance ao “Pantera Negra”. Ele vai surpreender você.




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