quarta-feira, 19 de outubro de 2016

O Mestre dos Gênios


“O Mestre dos Gênios”- “Genius”, Inglaterra, Estados Unidos, 2016
Direção: Michael Grandage

Talvez escape ao público a importância de um bom editor para o sucesso do livro de um escritor. Esse filme ensina o quanto valeu Max Perkins (1884-1947) para alguns dos mais famosos nomes da literatura americana do século XX.
Discreto, apaixonado pelo seu trabalho e eficiente, Perkins lançou F. Scott Fitzgerald (1896-1940), autor de “O Grande Gatsby”, Ernest Hemingway (1899-1961) de  “O Velho e o Mar” que ganhou o Pulitzer em 1952 e o prêmio Nobel em 1954 e Thomas Wolfe (1900-1938).
Max Perkins foi uma lenda nos meios literários. Entregava-se todo a seus escritores, não apenas lendo e sugerindo cortes ou mesmo mudanças nos textos mas compartilhando suas vidas e ajudando-os até mesmo financeiramente.
Seu casamento com Louise (Laura Linney) lhe deu cinco filhas que ela achava que ele negligenciava.
Na verdade, Max sempre quis ter um filho e ele chegou em sua vida quando Thomas Wolfe, no fim da década de 20, entrou no escritório do mais famoso editor de sua época, com um manuscrito de 1.100 páginas, que ninguém queria publicar.
Vemos Colin Firth, sempre magnífico, com o chapéu na cabeça que Perkins nunca tirava, usar de firmeza e paciência com aquele rapaz narcisista e exagerado (Jude Law, talvez um pouco maníaco demais) e conseguir fazer dele, com menos de trinta anos e em seu primeiro livro, um escritor reconhecido.
“O Lost”, o nome original foi mudado para “Look Homewark, Angel” e misturava dados da vida de Wolfe com ficção, num estilo impressionista e poético. Mas extremamente prolixo. O editor conseguiu enxugar os excessos e transformar o livro num sucesso de vendas. As cenas dessa batalha são as melhores para contrapor a atuação de Colin Firth com a de Jude Law.
O ator britânico que faz Max Perkins dá um show de autoridade e calma, fazendo o contraponto ao excessivo e endemoniado Jude Law, tomado pelo espírito agitado do escritor que viveu apenas 38 anos.
O diretor estreante no cinema, Michael Grandage, veio do teatro inglês e contou a história do ponto de vista da parceria brilhante que lançou o  nome de Wolfe como um dos melhores de sua geração.
Mas isso enfraqueceu os outros personagens como F. Scott Fitzgerald vivido por Guy Pearce e Ernest Hemingway por Dominic West. Mesmo a mulher de Perkins na pele de Laura Linney e Aline Bernstein, a amante de Wolfe, bem interpretada no pouco que aparece por Nicole Kidman, são figuras esboçadas, mal aproveitadas pelo roteiro de John Logan.
Adaptado do livro de A.Scott Berg, “Max Perkins – um editor de gênios” de 1978, o filme tem o mérito de reunir um elenco oscarizado para contar a história desse homem por trás de seus escritores/gênios, que foi amigo e até figura paterna de um rapaz extravagante, deixando-se permanecer na sombra, como força vital e artística, posta inteiramente a serviço da melhor literatura americana.



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