domingo, 4 de outubro de 2015


“Perdido em Marte”- “The Martian”, Estados Unidos, 2015
Direção: Ridley Scott

Um alvorecer banha o planeta de vermelho e descortina uma planície de solo amarelado e picos de pedra negra. Aqui e ali vemos homens trabalhando, vestidos em trajes espaciais, que se comunicam entre si, através de um sistema embutido em seus capacetes. Perto, uma base, onde há um laboratório onde se estudam as amostras colhidas.
De repente, soa um alarme. Sinal de tempestade.
“- Estaremos lá dentro antes disso”, diz um dos homens.
Mas parece que a tempestade é pior do que eles pensavam. E todos se apressam para subir na nave pousada perto. A missão em Marte terá que ser abortada. A luz quase desaparece e só distinguimos vultos batidos por uma pesada chuva de detritos.
Dentro da nave aprontam-se para decolar e alguém informa que Mark Watney (Matt Damon) está morto. Não há sinais vitais dele na tela de monitoramento. Depois de hesitar, a comandante (Jessica Chastain) dá a ordem para a decolagem.
A nave Ares III se lança no espaço, sem ninguém imaginar que Mark Watney (Matt Damon) está vivo e, de agora em diante, sozinho em Marte.
Ridley Scott, 77 anos, é o diretor de muitos filmes que marcaram época. Basta lembrar de "Alien”1979, “Blade Runner”1982, “Thelma e Louise”1991, “Gladiador”2000 e outros menos apreciados mas grandiosos, “Prometheus” 2012, que terá uma sequência e “Exodo: Deuses e Reis”2014.
Baseado no livro de Andy Weir, um programador de computador que escreveu e publicou “on line” e depois viu seu livro tornar-se um “bestseller”, o filme tem roteiro inteligente de Drew Goddard. O grande tema é a ciência e como ela consegue dar respostas às perguntas que Mark levanta para resolver os problemas ligados à sua sobrevivência em Marte.
Fiel ao livro, o filme coloca as questões científicas, que estão rigorosamente corretas, de forma mais acessível para o público entender, quando Mark faz anotações no seu diário digital.
Matt Damon interpreta o papel com perfeição e sua simpatia natural empresta encanto ao personagem que não se deixa derrotar por dificuldades que desanimariam qualquer um. Ele vai resolvendo com calma, humor e tenacidade, cada passo em direção à sua sobrevivência. Sobrepuja a solidão e o medo, fazendo a cabeça funcionar em prol de si mesmo. É um campeão da resiliência, que é a capacidade de retornar ao estado anterior, ainda mais fortalecido, depois de passar por adversidades.
E há a solidariedade na Terra, com os cientistas procurando resolver o problema de mandar uma missão de socorro para trazer Mark de volta. Por mais difícil e improvável que isso pudesse ser.
A trilha sonora de “Perdido em Marte” é um achado delicioso. Mark ouve música dos anos 70 o tempo todo, já que é a única disponível, deixada pela comandante da nave no meio de suas coisas na base. Gloria Gaynor encerra o filme com seu hino “I Will Survive” que nunca esteve tão bem aproveitado.
Ridley Scott, altamente inspirado, fez um filme que prende a atenção, cria paisagens belíssimas e exalta as boas qualidades da natureza humana.
Estamos muito precisados disso.

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