quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Ida



“Ida”- Idem , Polonia, 2013
Direção: Pawel Pawlikowski

O silêncio dentro dos muros do convento, só é quebrado pelo murmurar das orações e os passinhos leves das freiras e noviças.
É o fim do inverno e a neve tomba também em silêncio. Os preparativos para a mudança de estação incluem devolver a imagem do Sagrado Coração ao seu lugar. Nos braços das noviças, ele vai.
Para Anna (Agatha Tizebuchowska), prestes a fazer seus votos, a rotina é quebrada pela notícia que recebe da madre superiora. Ela que é orfã, e que viveu desde sempre no convento, tem uma tia que pede sua visita.
Os olhos de Anna, muito abertos, quase assustados, são o que denuncia a emoção da notícia. Mas muito mais a espera.
Wanda Cruz (Agatha Kuleska), a tia de Anna, abruptamente comenta ao vê-la vestida de hábito:
“- Então você é uma freira judia”,diz ela com ironia, fumando sem parar, um copo de bebida na outra mão, enquanto um homem anônimo se veste e sai pela porta do apartamento.
E Anna, que fica sabendo que se chama Ida e que seus pais desapareceram durante a Segunda Guerra, olha para si mesma na foto, bebê no colo de Rosa, sua mãe.
Em alguns dias, ela vai viver o que nunca sonhou viver em seus 18 anos de vida regrada e calma.
A história da família delas é trágica. E a tia precisa da sobrinha para trazer à tona um segredo.
“Ida”, já premiado na Europa e dirigido por Pawel Pawlikowski, 58 anos, nascido na Polonia e criado na Alemanha e Itália e finalmente na Inglaterra, foi indicado para o Oscar de melhor filme estrangeiro e melhor fotografia.
Filmado em preto e branco, onde se vêem todos os matizes de cinzas, “Ida” mais mostra em imagens do que fala. São poucos e secos os diálogos. Muitas vezes, o recorte do enquadramento da câmera diz mais sobre o sentimento reinante do que palavras.
Sensível, tocante e tendo como assunto os traumas do Holocausto, “Ida” é também uma reflexão sobre escolhas de vida. As duas personagens tomam caminhos diferentes para se proteger daquilo que nunca vão poder esquecer.
É um filme breve e corajoso, que toca em feridas delicadas, deixadas pela violência e culpa. Mas com cuidado, pedindo a atenção e não o julgamento do espectador que tenha sensibilidade.

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