Direção: Bennett Miller
A caça à raposa, “esporte” tradicional dos inglêses, é 
uma farsa. A pobre criatura, perseguida pelos cães que a farejam e os cavaleiros 
que atiram para matar e divertir-se, é solta de seu cativeiro um pouco antes da 
caçada começar. Ela está destinada à morte certa. 
Quando vemos o filme de época, em preto e branco, que 
passa antes dos créditos, mostrar claramente o que acontece com a raposa, 
passamos a temer pela vida de uma vítima no filme 
“Foxcatcher”.
Acontece que o milionário americano John du Pont (Steve 
Carell, assombroso) sonha em ter um time de luta-livre ou luta greco-romana, 
para ganhar uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Seul em 
1988.
Ele se considera um patriota, herdeiro legítimo de sua 
família que vendia munição ao exército americano desde o início do século vinte. 
Possuiam a maior indústria química do mundo.
Em sua propriedade “Foxcatcher”, onde imperam os cavalos 
puro-sangue da matriarca (interpretada com corpo retorcido e olhos penetrantes, 
por Vanessa Redgrave, atriz imensa), o filho quer treinar um time liderado pelos 
irmãos Schultz, Dave e Mark (Mark Ruffalo, sempre competente e Channing Tatum 
surpreendente), ganhadores da medalha de ouro em 1984 nas Olimpíadas de Los 
Angeles.
Só que Dave, o irmão mais velho e treinador de Mark, não 
está disponível para se mudar com a família para Delaware. Bem que o milionário 
tenta trazê-lo. Mas só Mark aceita o convite.
O irmão mais novo está decadente, vivendo de sanduíches, 
numa casa acanhada, dando palestras por tostões em escolas da região. Para Mark, 
o chamado de John du Pont é a chance de tirar o pé da 
lama.
Mal sabe ele onde está se 
metendo.
De temperamento depressivo, auto-destrutivo, inseguro, 
ele embarca com gosto na vida que o milionário oferece como acompanhante de 
luxo, com total submissão a seu “pai, mentor e treinador” como John gosta de ser 
visto, com os apelidos de “águia e águia dourada”.
O bonitão Mark, ingênuo e necessitado de alguém que o 
use como um marionete, é argila nas mãos cruéis de John, que tenta agradar à 
mãe, que não esconde seu desprezo pelo filho.
A sexualidade doentia de John, combinada com bebida e 
drogas, dá vazão a uma crescente psicose.
Quando Dave entra em cena, o trio está completo para a 
encenação da tragédia.
Bennett Miller dirige o filme com talento, criando um 
clima de tensão desde o primeiro minuto. Seus magníficos atores interpretam com 
brilho a história, baseada em fatos reais, mas nem tão conhecida assim por aqui, 
como faz supor o título em português.
É uma encenação de arrepiar. O John du Pont de Steve 
Carell dá medo. O ator está irreconhecível. Ele encarna o milionário como alguém 
à procura de seu trágico destino.
Prêmio de melhor direção no Festival de Cannes desse 
ano, “Foxcatcher” foi indicado em 5 categorias no Oscar: melhor ator (Steve 
Carell), melhor diretor (Bennett Miller), melhor ator coadjuvante ( Mark 
Ruffalo), melhor roteiro original e melhor maquiagem e 
cabelo.
Um ótimo 
filme.


 
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