sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

A Teoria de Tudo


“A Teoria de Tudo”- “The Theory of Everything”, Reino Unido, 2014
Direção: James Marsh

Mente brilhante, ele não correspondia ao clichê de um coração frio. Cientista que compreendia coisas com que os outros mortais nem sonhavam, nem por isso era entediante ou orgulhoso. Óculos enormes e um sorriso brejeiro iam bem com o humor espirituoso daquele jovem tímido.
Aluno respeitado pelos professores por causa de sua inteligência inquieta e original, ele se encantou quando a viu saindo da igreja, num domingo, com um tailleur creme, chapéu com fita na copa e luvas. Levava um sorriso doce no rosto bonito e pisava leve pelo caminho.
Já havia visto Jane pelo campo da universidade. E, numa festa, ela perguntou o que ele estudava.
“- Cosmologia. Sabe? Uma única equação que explique tudo.”
“- E qual seria essa equação?”
“- Essa é a questão. Eu tento acha-la”, responde sorrindo.
Na casa dos pais dele, durante o almoço de apresentação dela, perguntam o que ela estudava. E, ao ouvir que é poesia medieval, trocam olhares zombeteiros.
Mas Jane vai mostrar-se à altura da tarefa que a espera.
Mulher de um cientista respeitado no mundo inteiro, ela será sempre seu verdadeiro amor e companheira corajosa que o ajuda a enfrentar o que seria impossível para a maioria.
Tragicamente, os médicos dão a ele só mais dois anos de vida. Ele tinha 22 anos e havia desenvolvido uma doença degenerativa incurável, a doença de Lou Gehrig, também conhecida como esclerose lateral amiotrófica (ELA).
Foi difícil para o casal com três filhos. Mas ele foi sempre um pai brincalhão e carinhoso, mesmo quando a doença o colocou numa cadeira de rodas.
Jane cuidava de tudo, incansável. Mas ele soube ser generoso com aquela que ele amava e, quando foi preciso, abriu mão dela, para que Jane pudesse ter uma vida que ele já não podia lhe dar.
Seu espírito o manteve vivo e produtivo e mesmo a morte respeitou sua vontade de viver. Stephen Hawking, 72 anos, não pensa em se aposentar.
O diretor James March trabalhou com dois atores deslumbrantes que interpretaram seres humanos excepcionais. Eddie Redmayne é assombroso como Hawking, com todas as dificuldades que o papel apresenta. Ele não só reproduz o corpo devastado pela doença mas é brilhante na compreensão do homem, que ele interpreta com uma força gentil.
O próprio Stephen Hawking, que tinha ressalvas quanto ao filme e ao ator, na estreia de “A Teoria de Tudo” assistiu ao filme chorando . Ele teria dito a Eddie Redmayne, quando se encontraram, que houve momentos, durante o filme, nos quais ele se viu na tela. Certamente digno de muitos prêmios, Redmayne já ganhou o Globo de Ouro de melhor ator e o SAG award do sindicato dos atores. Indicado ao Oscar, é um dos favoritos.
Felicity Jones nunca foi tão encantadora e suave, mostrando a coragem silenciosa de Jane, fazendo justiça a ela, que não teve uma vida fácil.
“A Teoria de Tudo” teve 5 indicações para o Oscar: melhor filme, melhor ator (Eddie Redmayne), melhor atriz (Felicity Jones), melhor roteiro adaptado e melhor trilha sonora.
Um filme para todos.

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