“Yves Saint-Laurent”- Idem, França, 
2013
Direção: Jalil Lespert
Ele foi um grande 
artista.
Fazia moda com tanto talento que criou 
um estilo próprio. Tanto na alta costura, onde começou, como no pret-à-porter em 
1966 (na butique da Rive Gauche, 21, rue de Tournon), maravilhou as mulheres com 
os “looks” que inventava. Quem sabia das coisas via de longe quem vestia um Yves 
Saint- Laurent.
Basta lembrar dos terninhos muito 
femininos, do smoking que virou marca registrada, das “sahariènnes”, dos 
“trench-coats” e a maravilha das ciganas e russas luxuosas, com estampas e 
bordados deslumbrantes.
É a história desse gênio que é contada 
no filme “Yves Saint-Laurent” de Jalil Lespert, que vai mostrar não só suas 
criações mas, principalmente, sua vida íntima.
Nascido em Oran, na Argélia, possessão 
francesa na época, ele surgiu em Paris em 1957, requisitado pela mais famosa 
“Maison” de alta costura da cidade das luzes.
Um toque dele e o vestido que deixava a 
desejar no ateliê de M.Dior, ganhava aquilo que o faria belo e 
único.
Com a morte do grande estilista, ele 
assumiu a direção artística da casa Dior, com apenas 21 anos: 
“- Tristeza, angústia, alegria e 
orgulho. Mas também medo de não conseguir. Mas vou tentar até o fim. Isso eu 
prometo”, responde o rapaz tímido e muito magro, com imensos óculos no belo 
rosto, aos repórteres que o cercavam no salão da Casa 
Dior.
Pierre Niney, 24 anos, que faz 
Saint-Laurent renascer na tela, emociona a quem teve o privilégio de conhecer o 
personagem. Muito parecido fisicamente com o estilista, seu talento fez com que 
se aproximasse também de sua alma, seu jeito de ser.
O companheiro de toda a vida, Pierre 
Bergé (interpretado por Guillaume Gallienne, ótimo), 
disse:
“Niney não interpreta. É Yves no 
filme.”
Por causa disso e da história baseada 
na biografia escrita por Laurence Benaim em 2002, o diretor Lespert teve acesso 
ao lendário ateliê de Saint Laurent, além dos arquivos de Pierre Bergé e à 
fundação que leva o nome dos dois e que possui 5.000 criações, 15.000 acessórios 
e 35.000 croquis.
O filme também mostra a casa de Yves e 
Pierre em Marrakesh, La Majorelle, pintada em azul e ocre e o apartamento em 
Paris com o belo terraço dando para o Arco do Triunfo, cenários por onde 
desfilaram aqueles que faziam de Paris o centro do 
mundo.
Yves Saint-Laurent possuia genialidade 
mas se não tivesse encontrado Pirre Bergé muito jovem, talvez a históra tivesse 
sido outra. Sim, porque o tanto que ele tinha de talento, tinha também de 
auto-destrutividade, um lado sombrio que o levava à bebida e depois às 
drogas.
Na noite parisiense, cercado por seus 
manequins e homens que o adoravam, eles faziam a festa dos “flashs” indiscretos 
e das fofocas mundanas.
A paixão, vivida por 50 anos com Pierre 
Bergé, não impediu que os dois brigassem muito e se separassem várias 
vêzes.
Bergé, um homem equilibrado e culto, 
desaprovava os excessos do companheiro mas não conseguia fazer diminuir a 
angústia insuportável que roia a alma daquele homem que ele 
amava.
Mas resguardou a bela coleção que 
criaram juntos, leiloada em 2009 por 370 milhões de euros e, principalmente, 
sempre o amparou e administrou suas finanças.
Sem Pierre Bergé talvez Yves 
Saint-Laurent (1936-2008) não chegasse onde chegou. E é essa a história que o 
filme conta de forma bela e competente.


 
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