domingo, 6 de abril de 2014

Toque de Mestre


“Toque de Mestre”- “Grand Piano”, Espanha, 2012
Direção: Eugenio Mira

Um bom filme de suspense precisa de alguns elementos essenciais: ritmo, segredos e perigo. E estão todos presentes no ótimo “Toque de Mestre”, dirigido pelo espanhol Eugenio Mira.
A nota “noir” aparece desce o princípio quando um piano de cauda é retirado de um depósito, empoeirado e escuro, por homens fortes:
“- Esse lugar me dá arrepios...”, diz um deles.
Mas não é só um piano que viaja. O pianista (Elijah Wood) viaja também. Assustado e preocupado, num avião, em meio a turbulências. Mas será que é só isso que o  assusta?
Liga no celular para sua mulher, assim que pisa em terra. Ela tenta sossegá-lo, enquanto se prepara num lindo vestido azul longo, frente ao espelho.
Ela é bela e elegante (Kerry Bishé) e eles fazem um casal charmoso e de sucesso. Ela atriz, ele o maior pianista de sua geração.
Mas, infelizmente, Tom Selznick não pisa num palco há cinco anos, desde aquele concerto em que não conseguiu terminar de tocar uma peça, composta por seu amigo e mentor, Patrick Godureaux.
“La Cinquette” ficou com a fama de composição maldita. Impossível de ser tocada.
No entanto, no concerto desta noite, no próprio piano do amigo, falecido há um ano, Tom tenta dar um recomeço em sua carreira.
Um mau presságio o assusta quando, minutos antes de entrar no palco, dá com a peça maldita no meio das partituras daquela noite. Joga-a no chão como se lhe queimasse os dedos.
A plateia vestida a rigor se agita. Vai começar.
Mas quando o maestro dá início ao concerto e a orquestra realça a execução brilhante do pianista, uma flecha em vermelho, mostrada em “close” na partitura, intriga a nós e ao pianista.
Segue-se uma ameaça direta escrita em vermelho:
“Erre uma nota e você morre.”
Nessa noite, Tom Selznick vai ter que tocar sob a pressão de um assassino.
E vítimas de um desatinado vão tombar.
“Toque de Mestre” prende o espectador porque consegue criar uma noite de suspense num único cenário, o teatro, onde os personagens estão por vontade própria mas sem saber que vão ser testemunhas de atos cruéis.
Celulares, um notebook e um piano de cauda vão ser os figurantes da trama. E John Cusak faz o contraponto com convicção.
Com um roteiro inteligente de Damian Chazelle e uma majestosa fotografia de Umax Mandia, o diretor Eugenio Mira acerta no tom à Brian de Palma que escolheu para contar essa história.
E o final é uma dedução lógica que revela uma idéia brilhante.
Vocês vão gostar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário