segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O Lobo de Wall Street




“O Lobo de Wall Street” – “The Wolf of Wall Street , Estados Unidos, 2013
Direção: Martin Scorsese

Onipotência, megalomania e ganância são uma combinação perigosa. Quando a esse estado de alma é acrescentado o uso indiscriminado de drogas pesadas, temos uma situação explosiva. Não há nenhuma possibilidade que algo dê certo, para ninguém, nunca.
“O Lobo de Wall Street” conta uma história real, acontecida no fim dos anos 80 e 90, relatada nas memórias de Jordan Belfort, interpretado com loucura, testosterona e talento por um Leonardo DiCaprio, que se entrega ao papel de uma forma total. Dá até medo presenciar essa incorporação de um gênio do mal.
Tudo começa com um garoto entusiasmado entrando para uma corretora pelas mãos de um louquíssimo “broker”, na pele do maravilhoso Mattew McConaughey, que aproveita a ponta para mostrar o ótimo ator que ele é.
Os olhos do rapaz brilham. Ele chegou ao mundo com que sonhava. Mal sabe ele que haverá uma “Black Monday” e que ele vai ter que procurar outro emprego. Essa vai ser a sua perdição.
O talento que Jordan possuía como vendedor,vai fazer com que ele convença gente pouco cultivada e, mesmo seus clientes mais ricos, a investir no que chamaram de “penny-stock”, isto é, ações baratas que não rendiam nada, a não ser as comissões de 50% para o corretor.
Muito dinheiro entra a rodo na vida de Jordan e seus colegas, tão toscos como ele. Mansões, iates, roupas caras e mulheres atraentes era tudo que eles queriam. E toneladas de cocaína e “qualuds” para fazer com que se sentissem os donos do mundo. E sexo, muito sexo.
A cena em que os dois amigos de falcatruas e drogas, DiCaprio e Jonah Hill, passam uma noite em que os comprimidos de “qualud” ingeridos, muitos, pareciam não fazer efeito, é hilária e genial. Antológica.
Falta de educação, egos monstruosos, nenhuma capacidade de perceber o que é certo e o que é errado, sem remorsos, movidos a ingredientes que diminuem ainda mais o discernimento, esses homens faziam o que faziam sem preocupação nenhuma de serem desmascarados.
E Leonardo DiCaprio é tão convincente e carismático que a gente se pega com pena dele quando o FBI, na pessoa do agente incansável Patrick Denham (Kyle Chandler) faz esse castelo de areia desmoronar.
Martin Scorsese, 71 anos, mostra do que é capaz novamente. Ele cria um clima eletrizante que atordoa e mexe com nossos sentidos como se fosse uma droga. O diretor faz do espectador um conhecedor do que é o excesso. De tudo. E como faz mal.
Saímos exaustos do cinema. Mas admirados com a força desse filme assinado por um gênio do cinema.




        

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