sábado, 3 de agosto de 2013

Ferrugem e Osso


“Ferrugem e Osso” - “De Ferrouille et d’Os”, França, 2012
Direção: Jacques Audiard

Às vezes, o amor floresce onde menos se espera. Nada parece unir aqueles seres, aparentemente sem nada a ter um com o outro.
O que acontece, talvez, é que a agressividade, mal usada, afasta quem poderia ser descoberto pelo coração. Uma crise pode uni-los, ensinando a usar a agressividade em benefício próprio. “Ferrugem e Osso” é a história de duas pessoas assim.
Uma delas é Ali (o excelente ator belga Matthias Schoenaerts), ex-lutador de box e pai por obrigação, que vai procurar a irmã em Antibes, sul da França.
Ela acolhe os dois e cuida de Sam que tem cinco anos. Ali procura emprego e vai ser segurança numa boate.
É lá que ele conhece Stéphanie (Marion Cotillard), que ele resgata ensanguentada do chão, em meio a uma briga. Ela é parecida com Ali, violenta e quieta.
Depois de culpar a moça pela briga, por causa dos trajes que ela usa, ele a leva para casa. Lá ele vê as fotos com as orcas e pergunta surpreso:
“- É você?”
O rapaz que vive com ela faz cara feia mas ela não dá atenção e providencia gelo para a mão machucada de Ali, que deixa seu telefone com ela.
No Aquário de Antibes, a música anuncia o show das orcas. Stéphanie e seus colegas, aparecem no palco.
O voo dos belos animais, suas piruetas no ar, aquelas enormes baleias obedecendo às mãos dos seus treinadores, maravilham o público.
Mas, naquele dia, fora do programa, em câmara lenta, uma orca invade a passarela. Destroços boiam. O corpo inerte de Stéphanie flutua na água azul ensanguentada.
Horror.
Ela sobrevive mas preferia ter morrido. Afunda em depressão.
Nesse momento de sua vida, Ali reaparece. Ele não tem pena dela. Mas ajuda do jeito certo. A história deles vai começar.
“Ferrugem e Osso” foi adaptado de um conto de Craig Davidson pelo diretor Jcques Audiard, conhecido por seu filme “O Profeta” de 2009, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro e que ganhou o Grande Prêmio do Juri no Festival de Cannes.
A grande estrela do filme é Marion Cotillard, indicada novamente a melhor atriz do Oscar por esse papel. Ela já tem um, por “La Vie en Rose”, onde interpreta Piaf e já foi dirigida por grandes diretores, inclusive Woody Allen, em “Meia Noite em Paris”.
“Ferrugem e Osso” é uma história bem contada com elementos dramáticos emocionantes. Jacques Audiard conduz o filme num ritmo sem tropeços e existem cenas lindas de arrepiar.
A preferida de Marion Cotillard é a que ela filmou com a grande orca no Aquário, depois da tragédia de sua personagem. Há uma relação comovente entre a baleia e a atriz, filmada sem truques, em grande enquadramento. Põe a plateia em silêncio e alguns em lágrimas.
“Ferrugem e Osso” é daqueles filmes imperdíveis e inesquecíveis. Vai agradar a todos pela verdade e força das interpretações e da direção firme e sensível de Jacques Audiard, um nome que devemos guardar na memória.

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