sábado, 15 de junho de 2013

Antes da Meia Noite


“Antes da Meia Noite”- “Before Midnight”, Estados Unidos, 2013
Direção: Richard Linklater

O amor nunca vem para ficar, ao contrário do que se quer acreditar.
Para um casal ficar junto é preciso trabalhar, lutar, ceder, ter paciência, ser criativo e escolher amar novamente aquela pessoa, muitas e muitas vezes.
Vemos isso claramente na trilogia sobre o amor que agora se fecha com o filme “Antes da Meia Noite”, que tem seu roteiro escrito pelos próprios atores, Julie Delpy, 43 e Ethan Hawke, 42 e o diretor Linklater, 52 anos.
No primeiro filme, “Antes do Amanhecer” (1995), a francesa Céline e o americano Jesse, ambos com 20 anos, se conhecem quando viajam num trem pela Europa. Conversam, conversam pelas ruas de Viena, apaixonam-se mas, no fim, cada um volta para a própria vida.
No segundo, “Antes do Por do Sol” (2004), há um reencontro em Paris, onde ele lança seu livro, que conta a aventura em Viena. Conversam sobre o que aconteceu naquele meio tempo com os dois e se separam de novo.
No terceiro, o atual, Céline e Jesse finalmente casados, estão na Grécia, de férias com o filho dele do primeiro casamento e as gêmeas, filhas do casal. Os dois estão na faixa dos 40 e as conversas amadureceram.
O filme começa com Jesse levando o filho de13 anos ao aeroporto porque ele tem que voltar para os Estados Unidos onde mora com a mãe.
Essa separação deixa o pai frustrado e Céline vai transformar isso num conflito interno, sentindo-se culpada por privar Jesse da companhia do filho. Mas quando o marido a convida para morar em Chicago, para todos estarem juntos, ela se revolta porque não quer perder sua vida em Paris.
“- Você acendeu a bomba que vai destruir nossa vida. Estamos em contagem regressiva”, diz ela.
Após 18 anos do primeiro encontro, o amor entre eles é dificultado por quase nadas e decisões importantes.
Céline, conversando na cozinha, enquanto ajuda a preparar o almoço entre amigos, conta às mulheres que pensou que a Grécia, milenar e berço das grandes tragédias, poderia ser o cenário de algo terrível na vida dela. Há um clima de suspense se criando.
O casal fala sem parar durante todo o filme. Mas as conversas mais amenas ao ar livre, sob o sol da Grécia, entre as oliveiras e velhas pedras, vão se tornar duras, claustrofóbicas e depressivas quando o casal vai para o quarto de um hotel, onde deveriam se amar. A briga começa na cama.
Um dos temas que aparece é a culpa pelas decisões que eles não tomaram no passado. Claro. Vidas paralelas são muito atraentes porque não foram vividas e podem ser objeto de idealizações românticas.
Já a vida real pede criatividade e paciência para que o amor permaneça vivo. Vale a pena?
É quando mais brigam que Céline e Jesse fazem transparecer o elo sólido que os une. Mas até quando?
Outros casais certamente vão sair do cinema conversando muito sobre o que viram e ouviram. O filme é envolvente e nós nos identificamos com os personagens que tem uma boa química e coragem para enfrentar o que muitos de nós evita, achando que assim protege a relação. Será?

Um comentário: