domingo, 11 de setembro de 2011

Uma Doce Mentira





“Uma Doce Mentira”- “Des Vraies Mensonges”, França, 2010

Direção: Pierre Salvadori





A filha é magrinha, cabelos negros e curtos, com aquele sorriso tão característico de Audrey Tautou, que já nos conquistou no papel de Amélie Poulain.

A mãe tem uma beleza madura, cabelos alourados, silhueta desejável e aquele “je ne sais quoi”que as francesas esbanjam.

Ora, mãe e filha, costumam ser um par complicado. Quase sempre, sentimentos conflitivos e ambivalentes cercam essas duas mulheres. E quando isso é bem usado em um roteiro, já temos meio caminho andado.

Em “Uma Doce Mentira”, a nova comédia romântica francesa de Pierre Salvatori, vamos assistir a vários qüiproquós envolvendo Émilie, a filha (Audrey Tautou) e Maddy, a mãe (a veterana e ainda bela Nathalie Baye).

Na tradição da comédia francesa, como em Feydeau, preparem-se para uma série de trapalhadas que aproximam e afastam os personagens. No caso, a jovem cabelereira que parece frágil mas se faz de durona, sua mãe que não se conforma com a separação que aconteceu há quatro anos e Jean (Sami Bouajila), o moço tímido que mexe com o coração das duas.

Cartas anônimas de amor circulam para lá e para cá entre esse trio, na cidadezinha de Sète, à beira-mar, no sul da França.

E é tudo na melhor das intenções. Mas algo dá errado e vamos percebendo que as confusões envolvendo mãe e filha são fruto de nós mal resolvidos. Felizmente, aqui não encaramos a tragédia, porque o filme é uma comédia leve, divertida e sobretudo charmosa.

As situações engraçadas de “Uma Doce Mentira” fazem a platéia rir com gosto e, diferente de um outro tipo de comédia muito em voga hoje em dia, não precisam para isso que alguém seja ridicularizado ou que se use uma linguagem vulgar.

Trata-se de uma comédia que brinca com traços comuns nas pessoas como a timidez, a sensação de inferioridade frente a alguém mais estudado que nós, a dor de ser abandonado e trocado por outra pessoa mais jovem, a teimosia em não querer reconhecer que estamos envolvidos com alguém por puro medo do amor, coisas simples de gente como a gente. Pitadas de ciúmes, maldadezinhas e vinganças temperam as muitas reviravoltas.

E é original a cena na qual ouve-se uma confissão atrás de uma cortina, à qual assistimos acompanhados de outros dois personagens. Um cinema dentro do cinema.

Pierre Salvadori, diretor e co-autor do roteiro, sabe fazer bem esse gênero de comédia leve, bem humorada, com personagens de carne e osso, interpretados por atores que convencem por seu talento e sua entrega aos tipos que vivem na tela.

“Uma Doce Mentira” agrada e deixa todo mundo de bem com a vida na saída do cinema. O que não é pouca coisa.

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