domingo, 18 de setembro de 2011

Além da Estrada



“Além da Estrada”- “Por El Camino”, Brasil/ Uruguai, 2010

Direção: Charly Braun



Como se preserva uma boa lembrança?

Essa parece ter sido a intenção do jovem diretor Charly Braun, quando filmou “Além da Estrada”, seu primeiro longa, do qual foi também co-autor do roteiro.

O Uruguai, país de sua avó e onde mora seu pai, lugar de suas férias de verão, é aqui um território afetivo e sentimental mais do que geográfico e turístico.

Há uma história simples, ingênua até. Um argentino ruivo de 30 anos (Esteban Feune de Colombi) chega a Montevideo para iniciar uma viagem que o levará ao terreno que seus pais, mortos em um acidente de carro, deixaram para ele como herança.

No caminho, Santiago dá carona a uma jovem belga, Juliette (Jill Mulleady), que procura um antigo namorado que ela sabe que vive numa comunidade perto de Punta Del Este.

Pela estrada, esses dois vão se conhecendo, brincando juntos, trocando olhares e descobrindo a paisagem.

Aos olhos deles descortinam-se os imensos campos brumosos, as praias com um mar cinzento sob um sol pálido, as grandes pedras e os cactus floridos, ruínas, nuvens carregadas no céu, animais e homens toscos. Tudo vai passando, fixado na película para sempre.

Não há pressa, nem nos personagens nem na câmara do diretor, que vai mostrando o “seu” Uruguai, lugar que ele não quer esquecer e que parece estar fadado a se tornar um outro país, com a chegada de gente nova que compra terras para fazer condomínios.

Há uma despedida inevitável em “Além da Estrada”.

Perde-se o passado, a infância e até o presente, se não se abre o olho, como aconselha tio Hugo (Hugo Arias), que mora numa fazenda em uma belíssima casa de pedra.

“Além da Estrada”ganhou o prêmio de melhor direção no Festival do Rio em 2010, o de melhor filme no I Festival Lume de Cinema Internacional e o do público em Saint Petersburg na Rússia.

A bela Guilhermina Guinle, irmã de Charly Braun por parte de mãe, faz uma participação charmosa no filme. Naomi Campbell, a “top model”, também aparece fazendo ela mesma.

Na cena final, uma antiga ponte inacabada, que vai ser demolida para a construção de uma nova, é uma metáfora para a vida que só acaba com a morte.

Quem viveu os momentos felizes que Charly Braun viveu na infância, ao lado do pai Martin e da mãe, a suave Rosa May, nas praias do Uruguai (cenas de vida real que vemos em filminhos que passam durante os créditos finais), ainda vai ter muita coisa para viver e histórias para contar.

Que venham os próximos filmes, para você continuar a nos encantar com o seu talento promissor, Charly Braun.

Nenhum comentário:

Postar um comentário