sexta-feira, 12 de abril de 2019

Gloria Bell




“Gloria Bell”- Idem, Chile, Estados Unidos, 2018
Direção: Sebastián Lelio

Ela está no bar de um clube noturno que toca músicas dos anos 80, em Los Angeles. Vemos cabelos brancos na pista de dança. Encontra um velho conhecido e ficamos sabendo que é divorciada há 12 anos. Deve ter uns cinquenta e poucos mas Gloria (Julianne Moore) é daquelas mulheres que não aparentam a idade que tem. É bonita. Corpo esbelto, cabelos alourados nos ombros, óculos que não escondem os olhos e dão um charme especial e a pele é suave. Pouca maquiagem. Veste-se com uma elegância discreta.
Seu sorriso é doce, seu riso alegre e gosta de dançar. E há uma procura estampada em seu rosto.
Está naquela idade em que os filhos não precisam o tempo todo da mãe. Vivem suas vidas. Ela os procura mas não é invasiva. Trabalha numa seguradora e vive só em um apartamento pequeno mas jeitoso. Há noites difíceis em que o vizinho de cima surta, grita, xinga a mulher e não a deixa dormir. E tem um gato que, não se sabe como, entra todo dia na casa dela. Delicadamente ela o põe para fora. Mas ele volta porque fareja que ela precisa de companhia tanto quanto ele.
Glória não é uma pessoa deprimida. Toda vez que entra no carro, canta alto as músicas dos anos 80 que escuta e quando limpa a casa dela, também. Sabe todas as letras de cor.
Há nela uma vontade de viver indisfarçável. E esperança de encontrar um companheiro. Mas ela não se mostra aflita, nem aborda quem não conhece.
E numa das noites no clube noturno ela troca olhares com um homem (John Turturro, excelente) e aos poucos começam um namoro.
Divorciado há um ano, Arnold é um ex militar, que parece ainda envolvido, por culpa, com a antiga família.
Gloria vai amar e terá que decidir o que quer para a sua vida.
Julianne Moore faz o papel que foi de Paulina Garcia na primeira versão chilena do filme, premiada como melhor atriz em Berlim em 2013. E o diretor Sebastián Lelio foi convidado pela própria Julianne Moore, que também envolveu-se na produção, para fazer o “remake” em inglês, tendo ela como Gloria.
E ela está divina. Tão expressiva que não precisa falar para comunicar o que sente para o público. Seu belo rosto e seu corpo falam por ela. Somos imediatamente conquistados pela Gloria de Julianne e torcemos para que encontre o que procura.
Este é o segundo filme de Sebastián Lelio em inglês. O primeiro foi “Desobediência” de 2017 com Rachel Weiz. E o diretor ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro 2018 com “Mulher Fantástica”. Ele sabe contar bem  histórias de mulheres.
“Gloria Bell” é um filme com um forte sentimento de procura da sobrevivência amorosa mas nunca às custas de uma falsa liberdade, nem de uma submissão masoquista.


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