quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Vice




“Vice”- Idem, Estados Unidos, 2018
Direção: Adam McKay

Correria na Casa Branca. O ataque terrorista às torres do World Trade Center, o 9/11, acabara de ocorrer. O Presidente estava num avião e o Vice, Dick Cheney, numa sala secreta e bem protegida. Lá estavam também todos os Vips do alto escalão do governo George W. Bush.
No meio dos políticos, generais e secretários de estado em quase pânico, o Vice viu algo que ninguém viu, diz o narrador, uma oportunidade. Ele irá subir a uma posição de autoridade nunca vista. Usando do seu jeito quieto, andando na sombra, ele chegou lá. Vai comandar uma guerra. “Cuidado com o homem quieto, ele ataca sem previsão”, lembra o narrador.
A maioria das pessoas não sabia de onde ele vinha e nem quem ele era.
Sua história começou em 1963. Estudante medíocre em Yale, ele foi expulso e por causa de bebedeiras ao volante foi preso duas vezes. Sua namorada de escola e futura mulher Lynne Vincent (Amy Adams, perfeita) ameaçou com um ultimato. Ou ele se endireitava ou seria o fim do namoro.
Ele prometeu e cumpriu. Mudou. Primeiro trabalhou anônimo na presidência de Richard Nixon. Depois como assistente de Donald  Rumsfeld (Steve Carell, excelente) e foi subindo. A renúncia de Nixon foi uma tragédia para ele e sua ambiciosa mulher. Mas, sendo republicano, participou com Rumfeld do poder do partido. Foi depois senador e aprendeu, com mais sucesso ainda, a fazer alianças proveitosas para ele. E foi trabalhar numa grande empresa de petróleo.
Muitos anos depois, George W. Bush (Sam Rockwell, ótimo) liga para Cheney e o convida para uma conversa. Trata-se da Vice-Presidência. Bush, que todos sabem nada interessado em assuntos políticos em geral, deixaria tudo na mão de Cheney. Assim, decisões capitais foram tomadas pelo Vice.
Mais. O advogado de Cheney faz uma interpretação da Constituição que assegura que tudo que o Presidente faz é legal. E estendeu essa regra também ao Vice.
O narrador (Jesse Plemons) que só vamos entender quem é só no finalzinho do filme, faz um balaço da guerra inventada por Cheney. Foram 4.500 soldados americanos e 600.000 civis iraquianos mortos.
O filme de Adam McKay é uma sátira mordaz que faz caricatura dos personagens. Aliás o elenco compreendeu bem o espírito do roteiro e está excelente. Christian Bale incorpora o físico, com ajuda de próteses, o modo de falar e os maneirismos de Cheney enquanto Amy Adams, a força por trás do trono, faz bem a mulher que é a rocha da casa. A certa altura ela sussurra no ouvido do marido, numa festa na Casa Branca:
“- Metade das pessoas nessa sala nos inveja, a outra metade tem medo de nós.”
Bale já ganhou todos os prêmios de melhor ator e Amy Adams e Sam Rockwell completam o trio indicado para o Oscar.
Talvez o filme interesse mais a cinéfilos por sua originalidade e edição nervosa e a pessoas interessadas em política, por causa do modo como o diretor e roteirista conta a história. Adam McKay já ganhou seu Oscar com
“A Grande Aposta – The Big Short” sobre a crise econômica de 2008.
E as pessoas em geral vão querer ver o filme por causa das interpretações premiadas desse elenco excepcional.

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