terça-feira, 8 de janeiro de 2019

A Nossa Espera




“A Nossa Espera” - “Nos Batailles”, França, Bélgica, 2018
Direção: Guillaume Senez

Estamos num imenso galpão onde pessoas embalam os mais diversos objetos que serão empilhados em prateleiras. Alguns estão de gorro e luvas. É inverno. Não há calefação.
Olivier (Roman Duris, excelente ator) preocupa-se com as condições de trabalho dos funcionários. Ele é chefe de equipe e participa do sindicato. Mas naquela manhã ele vai ao escritório de Agathe (Sarah Le Picard), do departamento de Recursos Humanos, para tentar interceder a favor de um amigo, mais velho, que será despedido.
Mas não consegue impedir a dispensa de Jean-Luc que prometera se matar se perdesse o emprego. E a ameaça terrível se concretiza. O suicídio abala a todos.
E Olivier, tão atento à defesa dos interesses de seus amigos no trabalho, se abate com esse fracasso e com a tragédia, mas parece não perceber o que acontece dentro de sua própria casa.
Vemos Laura (Lucie Debay), mulher de Olivier e mãe de dois filhos pequenos, Elliot e Rose, na médica com o filho maior. Um acidente, que não ficamos sabendo como foi, queimou o peito do menino que precisou de enxertos e ainda necessita de cuidados especiais. Pela expressão da mãe e da médica, parece que, de alguma forma, a mãe foi responsável pela queimadura do filho.
Essa mãe carinhosa, que põe os filhos na cama e lê toda noite para eles, está à beira de uma crise emocional. No banheiro, dá vazão a um desespero contido e chora sem fazer barulho. Parece que o suicídio acontecido mexeu com ela.
No dia seguinte, Olivier é chamado à escola das crianças. A mãe não aparecera para buscá-los. Surpreso e preocupado, vai à loja onde Laura trabalha. Ninguém tem notícias dela.
Olivier vai ter que enfrentar a realidade. Batalhar para cuidar dos filhos e batalhar para aguentar o baque que sofreu.
Sempre na espera que Laura volte, Olivier sobrevive graças à ajuda da mãe dele e da irmã Betty (Laeticia Dosch). Mas cada uma delas também tem suas batalhas pessoais.
O diretor franco- belga Guillaume Senez conduz seu segundo filme num ritmo que prende a plateia. Mas não se trata de um filme de suspense. É uma história que lida com angústias contemporâneas. Ninguém é julgado. Todos são observados pela câmera em sua dimensão humana e sofrida.
Todos temos que enfrentar as batalhas diárias que a vida propõe com a esperança de encontrar as forças necessárias para a sobrevivência digna. Não é fácil mas também não é impossível. É o que “A Nossa Espera” propõe.

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