quarta-feira, 6 de junho de 2018

Uma Janela para o Amor




“Uma Janela para o Amor”- “A Room with a View”, Reino Unido, 1986
Direção James Ivory

“O mio babbino caro” canta a soprano no início do filme da dupla Ismail Merchant (1936-2005), produtor e James Ivory, diretor. E quem conhece a ária pensa logo em Florença.
Estamos no começo do século XX e duas inglesas chegam na pensão recomendada. Mas, para desapontamento da jovem Lucy Honeychurch (Helena Bonham Carter) e sua acompanhante Charlotte Bartlett (Maggie Smith, esplêndida, indicada ao Oscar de atriz coadjuvante), a prometida janela para o rio Arno não acontecera. Seus quartos não tem vista.
Apressam - se para o jantar onde, além do reverendo Beebe (Simon Callow), não conheciam mais ninguém entre os hóspedes sentados à mesa. Conversa vai e vem e elas comentam sua decepção com os quartos.
Imediatamente, Mr Emerson (Denholm Elliot) que está acompanhado pelo filho George (Julian Sands), oferece seus dois quartos com vista para as duas embaraçadas inglesas que, depois de recusarem com educação e dada a insistência do reverendo, aceitam a oferta com entusiasmo.
E lá vão elas para seus quartos de janelas com a vista mais linda de Florença.
E começam as visitas turísticas aos monumentos, fontes, igrejas, ruas e arredores da cidade.
Quando Lucy resolve sair sozinha e vai descobrir a grande praça, presencia uma briga entre italianos e acontece uma morte. Ela desmaia e é amparada por George que percebe a presença da moça e seu susto.
A proximidade dos corpos cria um clima sensual entre eles. Os rostos brilham e o calor dos corpos se faz sentir. É o desejo brotando inesperadamente.
Porém Lucy não quer acreditar em seus sentimentos. Foge.
Entre os ingleses da pensão está uma escritora (Judy Dench) que veio à Itália para se inspirar para seu próximo romance. E aquele casal de jovens parece bem interessante. A prima Charlotte fica horrorizada quando essa outra inglesa faz alusão a romance entre o par de jovens.
Um beijo roubado num piquenique, longe da vista dos outros, mostra que George está apaixonado e não esconde isso. Mas Lucy, que não evita o beijo, convence a si mesma que aquilo não queria dizer nada. Conta o acontecido à prima Charlotte que, escandalizada, começa a fazer as malas imediatamente. Resolvem voltar à Inglaterra sem mais um dia em Florença. E com elas vai o segredo do beijo, guardado a sete chaves.
Lucy, que se faz de forte, é infantil e medrosa. Só se percebe  o ardor de seu temperamento quando, ao piano, toca Beethoven com força e  calor. Mas, na vida, finge para si mesma e refugia-se no noivado com Cecil Vyse (Daniel Day Lewis, numa ponta, magnífico), frio e pomposo, que trata Lucy como se já fosse sua propriedade. E implica com tudo que ela gosta.
Mas o amor teima em aparecer e Lucy vai ter uma surpresa quando a vila ao lado da casa dela receber novos ocupantes.
E.M. Foster (1879-1970) escreveu o livro, adaptado para o cinema pela roteirista Ruth Prawer Jhabuala, aos 29 anos, seu terceiro romance. O autor criticava a moral vitoriana e colocou, no personagem do pai de George, a figura de um livre pensador. Ou seja, ele condenava as convenções sociais puritanas que achava que eram uma trava à vida. Aquilo que fazia com que Lucy não pudesse reconhecer prontamente seus próprios sentimentos com relação ao jovem George.
O filme foi indicado a oito Oscars e levou três: melhor roteiro adaptado, melhor direção de arte e melhores figurinos.
“Uma Janela para o Amor – A Room with a View” é um clássico do cinema.

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