sábado, 29 de novembro de 2014

Elsa & Fred



“Elsa & Fred”- Idem, Estados Unidos, 2014
Direção: Michael Radford

Mas já não vimos esse filme?
Já. Em 2005, Marcos Carnevale dirigiu a co-produção Espanha e Argentina, que fez sucesso de público e crítica, com China Zorrilla fazendo Elsa e Manuel Alexandre como Fred. O filme recebeu aqui o título “Elsa & Fred – Um Amor de Paixão”.
Nove anos depois, a mesma história é refilmada pelo inglês Michael Radford (de “O Carteiro e o Poeta – Il Postino”1994), com uma dupla conhecida: Shirley MacLaine, 80 anos e Christopher Plummer, quase 85. Os dois oscarizados. Ela por “Laços de Ternura”1983, ele por Beginners – Toda Forma de Amor”2010.
Mesmo sendo a mesma história, do viúvo rabugento que muda para o apartamento vizinho de Elsa, uma senhora excêntrica, fã de “La Dolce Vita” que Fellini dirigiu em 1959, o filme americano tem seu charme.
Só de fruir do privilégio de ver esses dois “monstros sagrados” atuando juntos, já vale a ida ao cinema.
Ela, que já foi “Irma La Douce”em 1963, empresta a Elsa uma sedução e encanto próprios, o que faz a plateia rir e se deliciar com as tiradas engraçadas da sua personagem, com toques que só Shirley MacLaine poderia dar.
Ele, apesar da extensa lista de filmes para o cinema e TV e peças na Broadway, talvez seja mais conhecido por seu papel em “Noviça Rebelde – Sound of Music”1965, o Capitão Von Trapp, pai dos meninos cantores que se casa com Julie Andrews, a governante. Com aquela voz doce e característica, faz com talento a passagem do velho pessimista para o homem gentil que aprende a apreciar a vida com Elsa.
A cena na Fontana di Trevi, em Roma, que no filme de Fellini mostrava Anita Eckberg sendo olhada em extase por Marcello Mastroianni, é repetida em “Elsa & Fred” com tanta doçura e graça, que a mudança da cor para o preto e branco da cena original, só percebemos um pouquinho depois. Como Marcello, só temos olhos para Shirley MacLaine, no vestido preto decotado chamando Fred para perto dela.
O elenco com bons atores como Marcia Gay Harden que faz a filha prepotente e George Segal como o médico amigo de Fred, ajudam a criar diálogos e situações que dão ritmo ao filme.
O amor aos 80 anos, já não causa tanto alarde como causou em 2005 com o primeiro filme. As novas plateias, que talvez nem conheçam a primeira versão latina, poderão emocionar-se com “Elsa & Fred” e perceber que a vida pode trazer boas surpresas até o fim.

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