sábado, 23 de agosto de 2014

Um Belo Domingo


“Um Belo Domingo”- “Un Beau Dimanche” França, 2013
Direção: Nicole Garcia

O que são aquelas pessoas dormindo no chão, ao lado de cachorros? Quando chega a polícia, são arrastados para fora. Sem teto? Invasores?
Mas, quando a cena seguinte do sétimo longa da diretora francesa Nicole Garcia mostra uma escola, a pergunta fica no ar e nos esquecemos da cena inicial, para só nos lembrarmos dela quase no fim do filme.
E já nos concentramos na história do professor Baptiste (Pierre Rochefort, filho da diretora, em seu primeiro papel no cinema), que tem um lugar de professor temporário naquela escola e não aceita o convite para ser efetivado. Por que ele foge de um lugar fixo? Estranha recusa...
Mas então aparece Mathias (Mathias Brezot) que o pai esqueceu de buscar no colégio e aceita a carona do professor.
O pai de Mathias (Olivier Loustaut), rico e entretido com a namorada e a viagem para Monte Carlo no fim de semana, esqueceu de pegar o filho. Parece dividido entre a moça zangada e o menino que o olha com velada censura. Até que o professor vem em sua ajuda:
“- Posso ficar com Mathias”, diz Baptiste.
“- Mas você não tem família, namorada? Bom, vou te dar 30 Euros, então.”
“- Não precisa.”
“- Acho que já nos conhecemos” responde o pai.
“- Você me deu uma carona. Eu vinha de uma conferência...”
“- Astrofísica, não é mesmo?”
Mas já vai atrás do filho para explicar a situação.
E lá vão os dois de novo na lambreta do professor.
Ele instala Mathias no sofá do pequeno apartamento.
“- Podemos ir à praia amanhã?”
“- Não sou seu chofer.”
E Baptiste recebe o baseado que seu fornecedor vem entregar, disfarçando que é um DVD. Vai para o quarto e antes, manda o menino dormir.
Dia seguinte, os dois na lambreta, rumo à praia.
Mathias escolhe um lugar mais longe para o banho de mar. E lá encontram a mãe dele, a bela Sandra (Louise Bourgon), que trabalha num restaurante na praia e parece ter uma ligação com o dono, um sujeito mais velho, com uma corrente de ouro no pescoço.
A partir daí, esses três destinos se cruzam de maneira irremediável.
Baptiste vai ter que encarar o seu passado misterioso para poder ajudar Sandra, metida com agiotas perigosos. E Mathias vai conseguir a atenção da mãe e o seu carinho. Não foi à toa que escolheu a praia onde a mãe trabalha como destino do seu passeio com o professor.
E o belo domingo?
Vamos viajar com esses personagens até os Pirineus, na região da França próxima à Espanha, onde numa mansão senhorial, rodeada de bosques, rio, jardins, piscina, quadras de tênis, Baptiste vai reencontrar sua família,  que não vê há muito tempo, num almoço de domingo.
Essa é a ocasião para o espectador que conhece e o que não conhece, admirar a atuação da matriarca desse clã aristocrata, a lendária Dominique Sanda, 66 anos, que atuou em grandes filmes de Bertolucci (“1900”1976, “O Conformista”1970), Vittorio De Sica (“O Jardim dos Finzi-Contini”1970) e Visconti (“Violência e Paixão”1974).
A escolha desse mito do cinema, é outro acerto da diretora e roteirista de “Um Belo Domingo” que tem 68 anos, nasceu na Argélia e foi atriz do célebre filme do diretor Alain Resnais, “Meu Tio da América”1980.
Este sétimo longa dela traz à tona temas como a solidão, a loucura, a paternidade e a maternidade, dinheiro e classe social e escolhas de vida.
É, no mínimo, um filme interessante.

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