sábado, 17 de maio de 2014

A Recompensa


“A Recompensa”- “Dom Hemingway”, Reino Unido, 2013
Direção: Richard Shepard

O palavrório inicial assusta os ouvidos mais delicados. Uma louvação machista e narcisista, em tom exagerado, apresenta o personagem central, Dom Hemingway, que está na cadeia há doze anos.
Jude Law, num papel bem diferente dos que costuma representar, é ame-o ou deixe-o. Grosseiro, desbocado, agressivo, irritante. Ele é tudo isso e um pouco mais.
“- Sempre tive problemas com a minha raiva, você sabe, Dickie. Tentei ioga, CDs, aulas na prisão, mas ela ainda está dentro de mim...” explica-se ele ao melhor amigo
(Richard E. Grant), depois de quase ter matado de pancada o cara que vivia com a mulher dele, já morta, assim que sai da prisão.
“- Perdi a infância de minha filha...” e olha o retrato dela.
Pronto, até as almas mais escandalizadas com ele, marcam um ponto a seu favor.
Mas, como exagera em tudo, num pub em Londres, tenta recuperar os doze anos perdidos em três noites de bebedeira, cocaína e mulheres.
Com Dickie no trem que os leva ao sul da França, onde Dom vai cobrar uma dívida, ele comenta a ressaca:
“- São cossacos sodomizando o meu crânio!”
E o tom desbocado e agressivo, principalmente quando bebe, continua, mesmo frente ao chefão russo (Demian Bichir), que pode matá-lo com um gesto.
Mas ele ficou calado por doze anos na prisão, não entregou ninguém e merece uma recompensa. Infelizmente vai durar pouco a alegria de Dom. Um acidente de carro, filmado de uma maneira original, vai ser a volta para trás da roda da fortuna.
Mas será que quem salva uma vida vai ser recompensado pela sorte no momento em que mais precisa dela?
O personagem de Jude Law tem uma reviravolta na vida e tem que escolher entre o afeto e o dinheiro.
Ele está ótimo na pele de Dom Hemingway, dirigido por Richard Shepard, que fez um filme com um visual atraente, trilha sonora bem escolhida e  vontade de divertir a plateia.

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