domingo, 4 de novembro de 2012

A Arte de Amar

“A Arte de Amar”- “L’Art d’Aimer”, França 201Direção: Emmanuel Mouret


“Sem música não há amor”, diz a frase que inicia o filme. Quem o disse? Não sabemos.
Um homem e uma mulher que se apaixonam, escutam uma música especial, só deles, diz o narrador.
E, acreditando nisso, um compositor vive a primeira das histórias de “A Arte de Amar”, buscando freneticamente ouvir tal melodia e ironicamente, conseguindo isso quando sózinho, caminha por uma floresta, se sabendo muito doente...
Eu arriscaria dizer que o nosso compositor apaixonou-se finalmente pela vida, que lhe escapava e que agora ele percebia que fora sempre tão preciosa. Sem amor à vida como pedir música e amor?
E, com essa reflexão importante, tem início “A Arte de Amar”, filme que vai contar pequenas histórias amorosas com conselhos à maneira de Ovidio (43AC-17DC), poeta romano do qual o filme rouba o titulo.
Ele escreveu seus três livros, que denominou “Ars Amandi”, em 1AC. Eram conselhos para que os homens e as mulheres exercessem a arte da sedução e da conquista. O livro foi causa de escândalo e expulsão do poeta de Roma pelo Imperador Augusto.
Os tempos e os costumes mudaram mas, assim como Ovidio, o diretor e roteirista Emmanuel Mouret, não quer nos ensinar o amor, já que esse sentimento é tão complexo e imprevisível quanto natural, mas aconselhar com bom humor sobre o modo de amar, para fazer disso uma arte.
E tudo pontuado por música clássica de qualidade mas acessível a ouvidos menos experimentados.
Assim, sempre em ritmo e espírito de farsa, cada história começa com uma frase alusiva à circunstância amorosa especial daquelas pessoas: “ Não é bom recusar o que nos é oferecido”, “O desejo é inconstante como as folhas ao vento”, “É difícil dar de si como gostaríamos”, “Sem perigo, o prazer é menos intenso”, “Paciência”, “Assegure-se de que as infidelidades não sejam descobertas”, “Paciência mas não muita”, “Frequentemente os olhos nos levam ao amor mas, às vezes, eles nos enganam”.
O diretor e roteirista também atua, fazendo o papel de um homem que quer se encontrar com uma moça casada, só uma vez, para guardar essa lembrança como a mais bela de sua vida, antes de partir para sempre para o Brasil.
Histórias saborosas à maneira francesa tradicional de fazer as coisas, isto é, bons atores (o mais conhecido é François Cluzet de “Intocáveis”), diálogos bem escritos e a preocupação de que os lugares escolhidos como cenários sejam belos e artísticos, sem pretensão, fazem de “A Arte de Amar” um bom programa para quem gosta de palavras, bela música e situações que nunca descambam para o voyeurístico ou o escabroso.
Uma comédia de costumes tradicional para pessoas com um senso de humor apurado.

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