sábado, 21 de janeiro de 2012

A Separação





“A Separação” – “Jodaeiye Nader az Simin” Irã, 2011

Direção: Asghar Farhadi





Letras que parecem desenhos enfeitam a tela. Não conseguimos lê-las mas vemos sua beleza. Há uma sensação de estarmos entrando em um país longínquo, muito diferente do que estamos habituados a ver.

Engano. As imagens seguintes mostram um casal, Simin (Leila Hatami) e Nader (Peyman Moadi), frente a um juiz. Ela pleiteia o divórcio porque quer sair do país, que não considera seguro para a filha de 11 anos, Termeh (Sarina Farhadi). Ele nega-se a abandonar o pai, que sofre de Alzheimer e não concorda com o divórcio. Os dois brigam pela custódia da filha.

“Separação”, do iraniano Asghar Farhadi, que também escreveu o roteiro, é assim: estamos no Irã, precisamente em Teerã, mas podia ser qualquer lugar no mundo.

Sim, ela usa véu e o juiz parece não entender a sua necessidade de sair do país mas o que vamos ver é humano, muito humano.

Claro, há uma leitura política porque o Irã nos faz pensar em um país que vive sob uma ditadura cruel que persegue intelectuais, principalmente cineastas. Além disso, há a religião muçulmana com seus ditames rígidos e a colocação da mulher em um lugar inferior ao do homem.

Mas o filme “Separação”, com seu roteiro inteligente, que tem uma arquitetura que permite uma visão realista e metafórica ao mesmo tempo, serve para falar da família, do quarteirão onde moram, da cidade onde vivem, do país que habitam e da humanidade à qual pertencem.

Porque os conflitos que vamos presenciar, entre marido e mulher, pais e filhos, vizinhos, parentes, gente que convive por causa do trabalho, nos envolvem. Alí nos reconhecemos também. O já conhecido “narcisismo das pequenas diferenças”.

E, essa qualidade universal que “Separação” exala ajudou a conquistar para o filme alguns prêmos muito

importantes: Urso de Ouro em Berlim, dois Ursos de Prata para os atores protagonistas e acaba de ser escolhido como o melhor filme estrangeiro do ano no Globo de Ouro, em Los Angeles, Estados Unidos. É forte candidato ao Oscar.

O diretor Farhadi, ao receber o Globo de Ouro, disse apenas: “Meu povo é um povo que ama a paz.” Mas, fiel aos costumes muçulmanos, não apertou a mão de Madona que lhe entregou o prêmio.

Farhadi, que tem 39 anos e que já conhecemos por seu filme de 2009, “Procurando Elly” ( Urso de Prata para o diretor em Berlim) , foi criticado pelas autoridades de seu país por mostrar o que acharam que eram as misérias do povo iraniano e não seus feitos notáveis.

Mas, se você for assistir ao filme, vai concordar comigo que “Separação” vai muito além da política. Fala sobre os homens e mulheres do planeta Terra, como são feitos e quais são seus pequenos dramas.

É simples e universal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário