sexta-feira, 29 de julho de 2011

Contra o Tempo



“Contra o Tempo”- “Source Code”, Estados Unidos, França, 2011

Direção: Duncan Jones



Um cartão postal da cidade de Chicago se mostra aos nossos olhos. Altos prédios espelhados refletem-se em águas azuis. Um helicóptero sobrevoa o cenário perfeito.

A cena muda e seguimos um trem brilhante que se desloca rápido na paisagem bucólica.

É nesse trem que o Capitão Colter Stevens (Jake Gyllenhaal) acorda para um pesadelo.

A jovem à sua frente (Michelle Monaghan), toda íntima, acha que ele é o professor de história chamado Sean. O espelho do banheiro para onde ele corre, enjoado, o assusta ainda mais. Não é ele o homem que o olha espantado lá de dentro da superfície prateada.

De repente, uma explosão envolve tudo em chamas.

E o Capitão Stevens acorda, desnorteado, com a voz de uma mulher que o chama:

“- Você está bem. Está no Castelo Sitiado. Tente focar.”

“- Eu estava no meu helicóptero numa missão no Afeganistão, depois no trem e agora aqui...” responde perdido.

Ele está em uma espécie de cápsula espacial. Em uma telinha à sua frente é observado por aquela mulher que diz ser a Capitã Goodwin (Vera Farmiga).

Há muito não se via um filme como “Contra o Tempo”.

É ficção científica e também um suspense com ação que, contrariando o esperado nesse gênero de filme, articula inteligência e intriga, em uma história bem contada, usando as novas formulações instigantes da física quântica sobre a existência de universos paralelos. Efeitos especiais não são o centro das atenções.

Vamos ver o Capitão da Força Aérea Americana submeter-se à sua revelia, a um programa “top secret” do exército, chamado “Source Code”ou seja, “Código Fonte”, que é explicado assim, pelo inventor do projeto, dr Rutledge, ao próprio Capitão Stevens:

“- Não é uma viagem no tempo. É um acesso a uma realidade paralela.”

Trata-se de interferir no futuro. E isso graças a uma memória de 8 minutos que permaneceria viva no cérebro de um homem morto. Uma espécie de pós-imagem que permitiria que, conectado a outro cérebro, houvesse acesso ao acontecido no passado para que se pudesse coletar informações para interferir no curso futuro desses acontecimentos.

E o que se espera do Capitão Stevens? Que ele volte aos 8 minutos finais da vida do professor Sean Fentress, que morreu na explosão do trem e que descubra quem é o terrorista.

Sua missão principal é evitar que esse mesmo homem que explodiu o trem e matou todas aquelas pessoas, tenha êxito em explodir uma bomba radioativa em Chicago, causando 2 milhões de mortes.

Por seis vezes veremos o Capitão Stevens ir e voltar do trem à capsula, tentando cada vez mais adaptar-se à situação para bem desempenhar a sua missão.

Mas o interessante é que vamos percebendo que, nessa realidade paralela que ele visita no trem, ele sente que não é mais só o Capitão Stevens. Há como que “um novo eu”, misto de capitão e professor, que sabe liderar e cumprir uma missão e que se descobre apaixonado por Christina, a jovem à sua frente no trem, envolvida com o professor Sean.

O roteiro é escrito por Ben Ripley, que estréia com êxito nessa função.

O diretor, filho do cantor e ator David Bowie e que dirigiu o elogiado “Moon”- “Lunar” de 2009, sabe levar a história de forma a provocar uma identificação do espectador com o Capitão Stevens, criando uma empatia que é essencial para que a gente se prenda ao enredo, sem piscar, para não perder nenhuma pista.

No final, os grandes e expressivos olhos azuis de Vera Farmiga emprestam à Capitã Goodwin o lampejo de compaixão que a leva a libertar o Capitão Stevens de um destino terrível, para que ele tavez possa viver uma realidade nova.

“Contra o Tempo” é uma bela oportunidade de ver um ótimo filme e poder pensar sobre essa proposta de ousar mais para tentar realizar nossos desejos.

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