quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Adu



“Adu”- Idem, Espanha 2020
Direção: Salvador Calvo

Adu é um menino negro de 6 anos, franzino, grandes olhos expressivos que, com sua irmã mais velha Ali, ouvem tiros na floresta e vão de bicicleta ver o que está acontecendo.  Arrastam-se no solo para não ser vistos e, com pesar, descobrem um elefante enorme morto com um homem serrando suas presas de marfim. As crianças conhecem Kimba pelo nome e sabem que ele era o animal mais importante da Reserva em Camarões.
Chegam os vigias e Gonzalo, o homem dono da ONG que pretende defender os elefantes dos caçadores ilegais. Tarde demais.
Amedrontadas, as crianças saem correndo e deixam suas bicicletas. Erro fatal. Porque a partir daí serão procurados pelos homens que temem as testemunhas da matança que poderão denunciá-los.
À noite entram na casa pobre sobre palafitas atrás das crianças que conseguem escapar nadando. Planejam sair dalí e ir para a Espanha. Como? Não sabem.
Dia claro, Gonzalo vai buscar sua filha Sandra no aeroporto. Cruza cm as crianças, que poderiam ser suas testemunhas, mas sua mente está preocupada com a chegada da filha que tem problemas com drogas.
Ao norte, na fronteira entre a União Europeia e o Marrocos, aconteceu uma morte à noite, quando imigrantes esfarrapados e famintos, tentavam escalar a grade que fecha a fronteira. Num acidente, um homem cai do outro lado e um policial bate nele. Outro policial, Mateo, tenta massagem no coração mas o homem morre. Vai haver sindicâncias e processo.
Essas três histórias irão se entrelaçar. Em todas há um apelo de ajuda e compaixão.
Adu é como se fosse a imagem da África. Nele o instinto de sobrevivência é muito forte. Escapa por um triz de situações difíceis e consegue ajuda e amizade de Massar (Adam Nourou), outro adolescente que fugiu aos maus tratos na Somália.
Gonzalo (Luis Tosar) e Sandra (Anna Castillo) vão ter que entender que ninguém consegue obrigar alguém a mudar seu jeito de viver, a não ser com ajuda amorosa. Pai e filha vão se confrontar.
E os policiais que respondem a processo pela morte do imigrante são os que vão resgatar Adu de uma quase morte.
O diretor espanhol Salvador Calvo conduz bem o ritmo do filme inspirado em histórias verdadeiras que ouviu quando rodava seu longa “1898-Los Ultimos Filipinos”. Mas quem mais surpreende é o pequeno Moustapha Oumarou, com a naturalidade de sua interpretação. Ele comove só com o olhar.
“Adu” mostra a África relegada, posta de lado. Um belo continente com populações que sofrem com miséria e doenças. É a África escondida que ninguém vê quando vai a safaris fotográficos mas que precisa ser mostrada para que haja alguma solução para tanto sofrimento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário