sábado, 27 de julho de 2019

Uma Lição de Amor




“Uma lição de Amor”- “i am sam”, Estados Unidos, 2001
Direção: Jessie Nelson

A imagem do pai de primeira viagem olhando encantado para a filha bebê já nos comove. E mais ainda quando ele a chama de Lucy Diamond Dawson, por causa da música dos Beatles, de quem ele é fã. Ouvimos a canção identificados com a emoção de Sam (Sean Penn, indicado ao Oscar por esse papel).
A mãe que engravidou porque queria um teto para a sua cabeça e seduziu Sam, foge correndo das suas responsabilidades na porta do hospital.
E lá vai ele no ônibus com a bebê no colo. A essas alturas já percebemos que Sam tem um retardo mental. E sentimos preocupação. Mas, pensando bem, ninguém nasceu sabendo ser pai ou mãe de um recém nascido. Isso inclui Sam e o resto de nós.
Felizmente Annie (Dianne Wiest), a vizinha, dá as primeiras dicas para Sam. E ele aprende, movido pelo amor que brilha em seus olhos, quando sussurra para Lucy, trocando a fralda:
“- Você está linda!”
E Sam leva a filha por onde ele vai. No trabalho, nas compras de super mercado, nos passeios no parque e às vezes a deixa com a vizinha, que não sai de casa porque é agorafobica, isto é, tem medo de espaço abertos.
Lucy cresce e chega a idade das perguntas:
“- Pai, Deus quis que você fosse assim ou foi um acidente?”
“- O que você quer dizer?”
“- Você é diferente. Mas você e eu somos sortudos, Nenhum outro pai vai no parque com a filha.”
Há em Lucy um cuidado com o pai que é comovente. Na escola ela aprende com muita facilidade a ler mas quando percebe que o pai não consegue ler palavras difíceis, ela sugere que voltem ao primeiro livro, na hora de dormir, quando o pai lê historias toda noite para ela.
Assim, o desenho que faz de si mesma na escola mostra Lucy (Dakota Fanning, uma graça) enorme e feliz, de mãos dadas com um pai menor que ela.
Mas a assistente social se preocupa com Lucy e quando Sam é preso por um mal entendido, aparece a chance de questionar se ele pode ficar com a filha ou se é melhor para ela ser adotada por uma boa família.
Entra em cena Rita (Michelle Pfeiffer), que é uma advogada brilhante que não quer fazer feio diante do pessoal do escritório dela e aceita defender Sam “pro bono”, ou seja, de graça.
Mas então há um dilema que o filme não discute em profundidade. Se por um lado Sam se mostra à altura de educar Lucy e tem um amor irrestrito de pai para dar a ela, atenção cuidadosa, tempo de dedicação e até mesmo esforço para ganhar mais para que Lucy possa crescer  saudável e amada, há um preconceito contra ele. Haverá situações que ele não vai dar conta? Ele vai passar a ser um peso para Lucy?
O filme tem um final aberto e mesmo que a própria Lucy diga para os que querem tirar ela do pai tão amado: “All I Need is Love!”, o público pode se imaginar no lugar de Sam e Lucy e refletir sobre a melhor solução para eles.

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