sábado, 4 de junho de 2016

Campo Grande


“Campo Grande”, Brasil, 2016
Direção: Sandra Kogut

O que será que aconteceu com aquela criança? Está na portaria de um prédio da zona sul do Rio de Janeiro. É uma menina de uns 5 ou 6 anos e chora desconsolada e muda:
“- Sua mãe me conhece? Você já esteve aqui?” pergunta Regina, a moradora que tinha seu nome num papel que estava com as crianças. O irmão da menina sumiu.
Não tem outro jeito. E a menina sobe para o apartamento de Regina (Carla Ribas, ótima) que mora com a filha de uns 18 anos (Julia Bernat).
Bem que Regina tenta mas o telefone da Prefeitura não ajuda. Alguém fala em Conselho Tutelar.
A menina deixada sozinha na cozinha pega algo na geladeira, cospe e agarra uma banana. Vai para a sala do apartamento e bate no vidro da janela, sempre chorando. Enrola-se na cortina.
“- Além de fazer xixi no sofá da dona Regina você quer destruir a casa?” diz brava a empregada que vem ver onde a menina está.
A menina chora, sentida e balbucia:
“- Mãe...”
Foge da empregada, desce pela escada de serviço correndo e joga-se num abraço com um menino, um pouco mais velho do que ela, que está na portaria:
“- Igor! Onde você tava?”
“- Calma. Eu vou achar ela.”
É o irmão de Rayane, que a mãe também deixou na portaria do prédio de Regina.
Saem à procura da mãe, perambulando pela cidade barulhenta. Carros, buzinas , construções. A menina (Rayane do Amaral) grudada no irmão (Ygor Manuel, maravilhoso). Ele sobe no monumento da praça para gritar:
“- Ô mãe!”
Mas acabam voltando para o prédio. O menino tem certeza de que a mãe vai voltar. Mas quando?
“Campo Grande”, dirigido com sensibilidade por Sandra Kogut, emociona. Mostra o desamparo de Regina frente a uma situação que ela não consegue resolver e que a angustia:
“- Você está assim porque não sabe cuidar das pessoas”.
E Regina, que está divorciada e que tem que sair do apartamento porque a filha vai morar com o pai, tem que ouvir de Lila:
“- Você quer que eu fique morando com você para não sair desse apartamento.”
E a maior parte do filme passa-se na procura da mãe das crianças por Igor e Regina, depois que a menina foi colocada num Abrigo. Os dois vão até Campo Grande onde o menino diz que a avó e a mãe moram.
Ela, que no começo estava apenas irritada com aquele  menino, vindo não se sabe de onde e que só dava trabalho, vai mudando de atitude.
Na verdade, passa a admirar aquela criança que ama a irmãzinha, adora a avó e que procura desesperadamente a mãe. Regina está só e não tem ninguém para procurar. Com Igor ela começa a pensar sobre sua solidão.
Assim, ao longo do filme vemos a aproximação da garota Lila com sua mãe Regina. E uma transformação, de uma mulher quase feia e desleixada, para uma outra que tem o cabelo penteado e um brilho amoroso no olhar.
Tanto o menino Igor cantando a música predileta da avó, quanto Regina repartindo um sanduíche com a filha e dormindo depois juntas, são cenas que colocam lágrimas incontroláveis no nossos olhos. Não tem como escapar da emoção.
“Campo Grande” é uma surpresa e tanto.




Nenhum comentário:

Postar um comentário