domingo, 9 de março de 2014

Caçadores de Obras Primas




“Caçadores de Obras Primas”- “Monuments Men”, Estados Unidos/Alemanha, 2014
Direção: George Clooney

Em 1943,  homens arriscam suas vidas para salvar obras de arte da sanha do 3º Reich. Derrotados, os nazistas querem deixar destriuição atrás de si. O decreto Nero de Hitler era explícito. Muito mais que o “après moi le déluge” de Luis XV (1710-1774), o nada, depois dele, era o desejo do “fuhrer”.
Esse assunto palpitante e pouco conhecido poderia ter dado um ótimo filme. Mas, George Clooney, que o dirigiu, co-escreveu o roteiro e interpretou o lider da missão, fez tantas mudanças nos fatos reais para conseguir ter nas mãos um filme-exaltação dos americanos na Segunda Guerra, que o tiro saiu pela culatra.
Sim, porque não foram sete homens que levaram adiante essa empreitada de risco. E a missão não acabou logo após a derrota dos alemães. Foi bem mais do que isso.
Entre 1943 e 1951, 350 homens e mulheres, de várias nacinalidades, arquitetos, curadores de museus, historiadores e críticos de arte, foram mesmo atrás das obras de arte roubadas pelos alemães e ameaçadas pela presença dos russos no cenário do pós-guerra, que clamavam por indenização pela morte de 20 milhões de russos.
As fotos reais nos créditos finais do filme mostram a realidade, não a história de Clooney que reduziu o número dessas pessoas para sete, cinco americanos, um inglês e um francês, para dar maior agilidade à narrativa.
Assim, Frank Stokes (George Clooney), James Granger, curador do Metropolitan em Nova York (Matt Damon), Richard Campbell, arquiteto (Bill Muray), Walter Garfield, escultor (John Goodman), Jean-Claude Clermont, francês (Jean Dujardin), Preston Savitz, arquiteto (Bob Balaban), Donald Jeffries, inglês (Hugh Bonneville de “Downton Abbey”) e Sam Epstein (Dimitri Leonidas) são os homens que, não treinados para a guerra, vão enfrentar o perigo.
Os bons atores, que tem poucas cenas juntos porque o grupo é dividido em pares para atuar em pontos diferentes da Alemanha, esforçam-se para dar corpo a personagens que não chegamos a conhecer como pessoas com suas motivações para fazer o que fazem, graças a um roteiro que dá mais ênfase a situações de comicidade.
Além de tentar salvar obras que pertenciam ao patrimônio da humanidade, esses homens também procuravam resgatar coleções particulares de judeus, que deveriam ser devolvidas a seus verdadeiros donos. Pilhadas sistemáticamente, eram enviadas, junto às outras obras roubadas, para ornamentar o futuro Museu do Fuhrer em Linz ou para adornar paredes de oficiais nazistas.
E isso transparece de um jeito canhestro no filme, numa cena na casa de um sobrinho de um dentista que arranca um dente de Bill Muray.
Entretanto, nem tudo são falhas em “Caçadores de Obras Primas”. A personagem de Cate Blanchett é bem trabalhada pela atriz talentosa. Ela passa claramente a desconfiança de se esses homens iriam mesmo salvar  os tesouros roubados escondidos ou roubá-los também.
O jantar de Cate com Matt Damon é uma cena deliciosa que tem charme e sedução.
O resto é entretenimento razoável. 

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