“Amor Bandido”- “Mud”, Estados Unidos, 
2012
Direção: Jeff Nichols
O grande rio é a vida deles. Ellis (Tye Sheridan, de 
“Árvore da Vida”, já um grande ator) e Neckbone (Jacob Lofland), a dupla de 
melhores amigos, que lembra Tom Sawyer e Huckleberry Finn do livro de Mark 
Twain, vivem suas aventuras no Mississipi, para lá e para cá, numa pequena 
embarcação simplória.
Ellis mora numa barcaça encostada na margem do rio, 
herança do avô dele para a mãe (Sarah Paulson), que vive às turras com o marido 
(Ray McKinum), um pai ausente. O amigo Neckbone, quase irmão, órfão, mora com o 
tio (Michel Shannon), solteiro e mulherengo. Os dois mal entraram na 
adolescência e sabem pouco da vida e ainda menos do 
amor.
Em suas andanças pelo rio majestoso, um dia, os meninos 
encontram um tesouro. Um barco foi parar no topo de uma árvore, numa ilhota, na 
última grande cheia.
O sonho deles é colocar o barco na água e navegar com 
ele.
Mas Mud (Mattew McConaughey, ator carismático) vai 
cruzar o caminho deles e tornar-se a maior aventura com que poderiam jamais 
sonhar.
Foragido da polícia, boa pinta, másculo, cheio de 
histórias, em pouco tempo torna-se o ídolo dos garotos. Principalmente de Ellis, 
que é sensível e romântico. Ele vai servir de pombo-correio entre Mud e seu 
grande amor desde a infância, Junniper (Reese Whiterspoon). E claro, vai 
apaixonar-se também por ela, sem o saber, idealizando-a como a mulher 
perfeita.
“- Ela é uma deusa loura, de pernas longas, com 
rouxinóis tatuados nas mãos”, conta Mud.
Quando Ellis ouve isso, fica hipnotizado. Faria qualquer 
coisa por eles. Inocência infantil.  
E as cobras negras mortíferas rondam o rio. O velho Tom 
(Sam Sheppard), que não fala com ninguém, não vai conseguir acabar com elas, por 
mais que seu rifle certeiro consiga matar as que nadam à flor da 
água.
Jeff Nichols, 34 anos, roteirista e diretor, em seu 
terceiro longa, mais uma vez brilha, como já havia feito em “O Abrigo” com 
Jessica Chastain, um dos filmes mais interessantes do ano passado, que, 
infelizmente, não passou no Brasil.
A história é ótima, os personagens míticos e a direção 
afinada com os atores estupendos.
O rio, sempre uma boa metáfora para a vida, traz 
surpresas boas e más, aprendem os garotos, que amadurecem durante o desenrolar 
das aventuras com o enigmático Mud.
Um dos melhores filmes do ano, com certeza.

 







