sábado, 3 de março de 2012

Drive



“Drive”- Idem, Estados Unidos 2011

Direção: Nicolas Winding Refn



Este não é um filme de ação igual aos outros.

Porque tem um roteiro seco e inteligente (do iraniano Hussein Amini), uma direção talentosa e premiada no último Festival de Cannes (do dinamarquês Nicolas Winding Refn), um excelente ator de 31 anos nascido no Canadá (Ryan Gosling) e não tem tanta ação assim. Tem mais drama e leva jeito de se tornar um filme “cult”, logo, logo.

O belo Ryan Gosling, o melhor ator de sua geração, tem uma presença fria e elegante no filme, como se fosse um tigre na selva. Não tem nome e fala pouco.

Tranquilo, dirige calmamente seu Chevrolet Impala, com luvas especiais de couro.

De dia ele trabalha em uma oficina e faz dublê de artistas de Hollywood em perigosos acidentes de carro. De noite é o motorista que tira criminosos da cena do crime. Ele não se envolve e só espera cinco minutos. E avisa antes.

Ninguém diria que ele é capaz de violência. Nem de apegos amorosos.

Mas preparem-se para ver coisas de gelar os ossos.

O dinamarquês, criado em New York, Nicolas Winding Refn, dá um toque de arte em sua direção premiada, usando a câmara ora fixa, seguindo o inabalável Ryan, durante a noite, dirigindo seu carro entre as luzes coloridas de Los Angeles, ora nervosa, pressentindo o que vai acontecer. Os golpes do motorista, que usa seus punhos como armas ou martelos ou a arma do bandido que o atacou, são quase todos filmados com câmara baixa, do ponto de vista da vitima.

Tudo muito rápido e sangrento.

Com sua jaqueta brilhante, ele percorre o filme todo exibindo um enorme escorpião dourado nas costas.

Lembram-se da piada da rã e a travessia do rio com o escorpião nas costas? Pois o motorista tem momentos escorpião e momentos gatinho doméstico. Ataca quem o ataca. Não toma a dianteira. Não porta armas. Mas não perdoa e nem diminue a fúria de seus músculos até matar.

Não sabemos nada sobre o passado desse personagem que nem nome tem. Ele é o momento presente, o arranque do carro e dos cinco sentidos aguçados.

E o som, única indicação para o Oscar que o filme conseguiu, é magistral. Longos silêncios rompidos por música incidental original de Cliff Martinez, bandas que cantam músicas dançantes dos anos 80 e ruídos de lutas, seguidos de sonoros esmagamentos de crânios ou rompimento de tecidos e ossos do corpo dos inimigos. Impressionante.

Carey Mulligan é o contraponto de tanta masculinidade. São dela os momentos ternos e delicados de “Drive”. Toca o sagrado apelo ao amor que também habita o coração do nosso herói.

Baseado no romance de mesmo nome de James Sallis, “Drive” é pouco americano e bastante contemporâneo. Se você for tudo isso, vai gostar do filme.



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