domingo, 2 de outubro de 2011

Meu País





“Meu País”- Brasil, 2011

Direção: André Ristum



O prólogo de “Meu País” já anuncia que o passado será o lugar no qual se procura a lembrança do que não se tem mais.

O velho pai (Paulo José) sonha angustiado com crianças brincando na praia. A mãe está lá também? Não sabemos dizer, porque as imagens são distorcidas, borradas.

Enquanto o pai afunda no coma, os filhos são mostrados, cada um qual é. Tiago (Cauã Reymond), o mais novo, na farra. Mulheres, jogo e champagne. Marcos (Rodrigo Santoro), o mais velho, em Roma com a mulher italiana (Anita Caprioli), chegando do trabalho na empresa da familia dela.

A morte do pai traz Marcos e sua mulher para o Brasil. A casa patriarcal os acolhe com todas as suas lembranças.

Os irmãos se encontram novamente. Há ternura no abraço deles. Mas são tão diferentes...

No cemitério vemos que a mãe deles já está lá no jazigo familiar, há muito tempo.

E é essa falta, esse luto, a procura do que se perdeu e se quer recuperar, que é o coração do filme “Meu País”, primeiro longa de André Ristum.

Um segredo bem guardado vai revelar aos irmãos um lado desconhecido do pai deles e, assim, ficamos conhecendo melhor os dois. O legado do pai é afetivo e cada um vai reagir conforme o que escolheu até aqui na vida.

Obrigatóriamente, uma nova estrutura familiar terá que ser buscada, apesar de todas as dificuldades.

O exílio, usado no filme em sua acepção mais abrangente, é ser expulso do lugar de origem, para Marcos não só o Brasil mas o país da infância.

A história da recuperação do passado vivido e do não vivido, marca o amadurecimento de Marcos e Tiago. É um recomeço.

O filme “Meu País” tem sido premiado e elogiado por onde passa. O diretor André Ristum, filho do também diretor de cinema Jirges Ristum, valeu-se de sua biografia para contar a história do seu filme. Assim como Marcos, ele nasceu no Brasil e viveu um tempo no Itália. Durante a ditadura militar seu pai foi perseguido e passou 12 anos exilado na Europa com a família. Voltou ao Brasil em 1984, para morrer.

A fotografia do filme, assinada por Helcio “Alemão” Nagamine, surpreende porque não é natural em nenhum momento. É como se as imagens fossem vistas em um álbum antigo com fotos desbotadas. Contribue assim para criar o clima buscado pelo diretor.

“Meu País” é principalmente um filme de atores e conta com um elenco de destaque. Rodrigo Santoro, esbanjando classe, beleza e um italiano perfeito. Cauã Reymond, com seu talento natural empresta rebeldia e bom coração ao seu personagem e Debora Falabella dosa com doçura o impacto que causa sua presença na tela.

“Meu País” é um filme em “closeup” que procura o íntimo de cada personagem. Quem tem sensibilidade para esse tipo de viagem, vai gostar.


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