quinta-feira, 9 de junho de 2011

Namorados para Sempre





“Namorados para Sempre”- “Blue Valentine”, Estados Unidos, 2010

Direção: Derek Cianfrance



O que será que cria um par e mantém esse casal unido?

O amor, responderia a maioria das pessoas.

Mas logo alguém perguntaria: e o que é o amor?

E aí entramos em um terreno complicado...

Porque muitos sentimentos complexos podem passar aos olhos de todos e, mesmo do casal que vive a realidade desses sentimentos, por amor, sem o ser na verdade.

E, como já dizia o poeta, tem que ser “eterno enquanto dura”, ainda por cima...

A melhor saída seria, então, acompanhar as assim chamadas histórias de amor, para podermos ver mais claramente o que se esconde e se mistura atrás desse rótulo.

E, com a certeza de que, cada par enamorado vai desenvolver esse tema com variações próprias.

É o que acontece no filme “Namorados para sempre”, péssima tradução para o titulo original “Blue Valentine”, que poderia ser algo como “Tristes Namorados” no plural ou no singular “Triste Namorada/o”, porque o inglês tem dessas coisas sutis.

De qualquer modo, “Namorados para Sempre” é uma história de amor.

E, como já vimos, só pode ser um amor com características próprias, como todos os amores que são sempre únicos. Nisso, o amor acompanha a singularidade dos seres humanos que, por mais que se pareçam, sempre são diferentes.

Cindy (Michelle Williams) e Dean (Ryan Gosling) moram em uma casa modesta em meio à natureza, nos subúrbios de uma cidadezinha anônima americana. Tem uma filhinha de 5 anos.

No começo do filme vemos Frankie (a estreante Faith Wladyka) chamando sua cachorrinha:

“- Megan! Megan!”

E como não consegue achá-la, corre para o pai.

Ryan Gosling faz muito bem o papel de pai amoroso, brincalhão, participante intimo da vida da filha. Eles fazem um par adorável.

E onde está a mãe dessa família?

Dormindo.

A seu favor podemos dizer que ela trabalha muito e que o marido não tem emprego fixo, tomando para si alguns afazeres domésticos e cuidados com a filha.

Assim, quando a mãe de Frankie é acordada pelo par de “tigres”, pai e filha que pulam em cima dela, em clima de brincadeira solta, vemos seu belo rosto jovem crispar-se.

Não só não entra na brincadeira, como tudo nela é censura.

Michelle Williams foi indicada ao Oscar por esse papel e mereceu.

Ryan Gosling não fica atrás. Apesar de esquecido no Oscar, foi indicado junto a Michelle Williams ao Globo de Ouro. Sua atuação faz com que seu personagem cresça durante o filme e que dispute, palmo a palmo com a atriz, a admiração pela naturalidade com que se entrega à relação amorosa da história que une pessoas tão diferentes. Ele, mais simplório que ela, muito envolvido na tarefa de criar uma família de verdade, com o coração aberto e disponível. E ela mais contida e ambiciosa e parecendo querer rever suas escolhas de vida.

No desenrolar da trama vamos ver em “flashbacks” como os dois se encontraram e de que modo casaram.

E, no presente da cena, como tentam salvar seu casamento deteriorado com a passagem do tempo e o fim das ilusões.

Uma noite em um motel barato vai revelar mais do que sabiam um do outro até aquele momento.

Com o filme, vamos entender que, às vezes, a gratidão pode ser confundida com amor.

Bem como vamos observar que carências afetivas graves podem levar as pessoas a se agarrar, como se um fosse a tábua de salvação do outro, em meio às tempestades da vida.

E aí, sob a luz azul do motel, que expressa a qualidade triste daquele casal tão jovem e já desiludido, nosso coração se aperta e torcemos para que o amor exista e resista.

Esse é o maior charme do filme bem dirigido por Derek Cianfrance, que usa música, luz e bela fotografia para nos conquistar, sem pudor.

Refletir sobre o amor faz a gente amadurecer e tentar fazer com que ele seja real em nossas vidas. Ou que, ao menos, deixe uma doce lembrança.

Tarefa difícil mas recompensadora.

2 comentários:

  1. Oi, querida,
     
    Tentei duas vezes e não sei o que acontece(!!) Não decifro isso........
     
      Sobre o filme.
     
     
     
    Um título banal e um filme extraordinário. "Um amor que era doce e se acabou".
     
    O cotidiano da vida deste jovem casal foi mais forte do que eles. Suportar uma vida sem perspectivas, ausente de possibilidades acabou se deteriorando naturalmente.  A repulsa sexual  em relação ao seu parceiro
     
    nos mostra a força desta mulher face a este momento difícil  de enfrentar  e resolver a sua vida.
     
    A atriz Michelle Willians  tem o privilégio como atriz de ter "dois olhos do lado de dentro " o que faz dela uma grande atriz. A câmera ágil acompanha o andar corrido que a atriz propôs para a sua personagem, ou seja,
     
    a vida não lhe permite caminhar..  O ator Ryan Gosling compôs  um belo personagem num tom "blasé  de conformismo diante da sua total impotência diante da vida. O " desencaixe do casal  é que faz desse
     
    filme uma reflexão importante  sobre as relações afetivas.
     
    É um filme sem curvas, é a vida pura e simplesmente.
     
    Bjs,
     
    Sonia Clara
     

    ResponderExcluir
  2. Querida Sonia Clara,
    Postei seu comentário acima.
    Não sei porque o blogspot não aceita comentários.
    Minha amiga Sylvia Manzano tb está tendo a mesma dificuldade...
    Eu consigo copiar pelo IPhone. Mas isso não é vida...
    Logo, logo vou mudar de plataforma e espero que tudo funcione.
    Até lá,quem quiser postar comentários,escreva para mim que eu copio.
    Bjs

    ResponderExcluir