O escritor fantasma (The ghost writer, Roman Polanski)
França/ Alemanha/ Reino Unido, 2010
Postado em 5 de junho de 2010, às 22h53
Paranóia, intrigas internacionais, ganância e traição são o prato do dia nesse novo Polanski que envolve um ex-primeiro ministro britânico em uma história de suspense. Quem entende de política internacional vai pensar logo em Tony Blair e suas ligações com o governo Bush.
É um filme na tradição “noir”e se passa em uma ilha na costa americana, paisagem de chuva e frio. Aí se refugiam o ex-ministro (Pierce Brosnan), sua mulher (Olivia Williams, ótima) e sua assistente (Kim Catrall).
Trata-se de um estudo sobre o exercício abusivo do poder, o querer a qualquer preço, passando por cima de todas as regras, a falta de ética pessoal e o discurso encobridor de más intenções.
O personagem principal é um escritor fantasma, ou seja, aquele que escreve o texto mas não assina o nome no livro. Interpretado por Ewan McGregor, ele é chamado para reescrever as memórias do político inglês, já que o primeiro escritor fantasma desaparecera.
Há um mistério no ar... O corpo do primeiro escritor fantasma surgira em uma praia gélida e deserta. Suicídio ou acidente? Por que não coisa pior?
Transformado à sua revelia em detetive, o segundo escritor fantasma vai descobrindo fatos ameaçadores.
A primeira cena na qual aparece um carro estranhamente abandonado em uma balsa e a última, na qual não vemos mas sabemos o que aconteceu, mostram o quanto Polanski é consistente na criação de um clima de suspense.
Não por acaso, o polonês de 76 anos ganhou o prêmio de melhor direção por “O escritor fantasma” no último Festival de Berlim.
Mas, o que fez manchete em jornais do mundo todo, foi o escândalo envolvendo a figura de Roman Polanski. Mal terminada a filmagem de “O escritor fantasma”, em setembro de 2009, ele foi conduzido a prisão domiciliar na Suiça, acusado de crime de estupro nos Estados Unidos em 1977. O diretor finalizou a montagem do filme à distância e não pôde comparecer à entrega do prêmio em Berlim. Robert Harris, o co-roteirista e autor do livro em que se baseou o filme, falou em nome do diretor.
Mas, para os amantes do cinema, os filmes de Roman Polanski são obrigatórios. E estamos com sorte.Teremos a oportunidade de rever alguns deles em uma mostra que se inicia hoje e vai até o dia 13 de junho no Centro Cultural São Paulo (rua Vergueiro 1000, telefone 3397-4002). Assim, vamos poder assistir a filmes mais antigos como “O bebê de Rosemary” (1968), “Repulsa ao sexo”(1965) e a obras mais recentes como “O pianista”(2002), sem falar do imperdível “Chinatown”(1974).
E é grátis. Basta retirar o ingresso uma hora antes.
Quem gosta de Polanski na tela grande não pode perder essa chance.
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