sexta-feira, 9 de julho de 2010

"Lula, o filho do Brasil" - 2009 - Fábio Barreto

Uma certa parte da imprensa escreveu sobre o filme "Lula, o filho do Brasil", com tanto mau humor que dá para sentir como a inveja rói o coração daqueles que torcem para o fracasso do presidente Lula.
Se não conseguem passar a imagem de um governo equivocado (porque ele vai muito bem, blindado quanto a esse tipo de destruição barata) então trabalham para que, pelo menos, o filme seja um fiasco.
Dizem eles que a biografia de Lula foi idealizada no filme.
Ora, uma criança que nasce no sertão, com falta de tudo, em uma família grande, com pai grosseiro e violento parece ser candidata a todas as misérias.
Pois não foi isso que aconteceu com o filho de dona Lindú, incarnada por uma extraordinária Glória Pires.
A mãe de Lula é uma sertaneja forte que leva a família para a frente com determinação e confiança.
Nela, o olhar fala mais que as palavras. No rosto de Glória Pires, uma Lindú amorosa e continente é toda a esperança do menino Lula dar certo.
Freud já disse em seus escritos que o filho muito amado por sua mãe é destinado ao sucesso.
Acho que não qualquer mãe, nem qualquer filho. Mas nesse caso e no seu próprio, Freud acertou.
Quando o filme estrear, a partir desse primeiro de janeiro de 2010, vai arrastar multidões aos cinemas de todo o Brasil.
O produtor Luis Carlos Barreto diz que o filme de seu filho Fábio, baseado no livro de Denise Paraná, co-roteirista, quer contar uma história extraordinária.
E conta.
Antes mesmo dos letreiros iniciais, começa a saga dessa família nordestina que vem para São Paulo depois de 13 dias e 13 noites no caminhão pau-de-arara sacolejante em uma estrada poeirenta.
Criticam também o filme dizendo que é linear e didático. Feito para o povo.
Ora, a história de Luis Inácio "Lula" da Silva é contada no filme de forma simples porque dispensa manejos técnicos para assombrar.
Senão, vejamos uma cena no princípio do filme.
Já na escolinha do sertão o menino encanta a professora (Lucélia Santos em uma ponta bem aproveitada):
’’Eu queria dizer para a senhora que seu filho é muito inteligente. Eu podia ficar com ele e...’’
’’Muito obrigada professora mas eu mesma é que crio os meus filhos’’, responde uma Lindú confiante e firme, que olha aquela promessa de sucesso com carinho.
E na plateia da Escola do SENAI, anos depois, aplaude satisfeita o filho Lula que recebe seu certificado de torneiro mecânico.
A presença dessa mulher será o pano de fundo onde vai se desenrolar o destino desse menino, depois rapaz e homem adulto que ninguém diria ser um predestinado. Mas que assim vai ser visto, tempos depois, por toda uma nação.
Os atores escolhidos para o papel de Lula são desconhecidos do público.
Mais um acerto do filme.
Felipe Falanga faz um Lula menino, questionador e sempre do lado da mãe.
Guilherme Tortolio representa o Lula adolescente curioso e com espírito de humor.
Rui Ricardo Dias interpreta Lula adulto.
Todos estão bem. Mas a Rui cabe a parte mais difícil, tendo o ator acertado em não fazer em nenhum momento uma imitação de Lula. O que seria desastroso.
Cléo Pires seduz com seu encanto, fazendo Lurdes, a primeira mulher de Lula que morre com seu bebê no parto, enquanto Juliana Baroni surpreende com uma Marisa Letícia muito fiel à própria.
Dizem também que há alguns erros históricos e injustiças no que diz respeito à história do movimento operário no qual Lula se formou para a liderança política.
Acho que é muito difícil falar da história que toda uma geração, que ainda está na ativa, viveu. E nem parece ser essa a intenção do filme.
Outros filmes virão e a história recente do Brasil será contada aos poucos de vários pontos de vista.
Uma coisa é certa. Com filme ou sem filme, somos todos filhos de um Brasil que, com Lula, recupera sua auto-estima e valor perante nós mesmos e o mundo.
Aplausos para dona Lindú e seu filho.

4 comentários:

  1. "Lula, o filho do Brasil" foi postado originariamente em 29 de novembro de 2009, às 14:30, no MPost

    Recebeu três comentários, a seguir

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  2. Rafael j, em 5 de dezembro de 2009, às 10:31

    Me admira que alguns fiquem batendo na tecla de que o filme não passa de uma propaganda para promoção do presidente. Ora, Lula não é candidato em 2010 e alguém que possui uma aprovação de 80% depois de 7 anos de governo necessita de alguma promoção?

    Faz muito mais sentido supor o interesse dos produtores com um filão desses para filmar. Quem tem muito a ganhar é o próprio Barreto.

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  3. Vilson Moura Oliveira, em 30 de novembro de 2009, às 20:05

    Essas críticas só nos dão a certeza que o filme será um sucesso, pois, quanto mais tem criticas, mais o povo tem vontade de ver, para saber se é realmente o que os críticos dizem. Então, vamos deixar que os próprios, que hoje criticam com tanta indignação, assistam o filme. Deixem que vejam se vale à pena fazer críticas tão fortes, tão odiosas: porque os que hoje criticam são os mesmos que vão elogiar amanhã. Quando os críticos aplaudem, é sucesso para sempre; sem crítica, não tem sucesso.

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  4. Sylvia Manzano em 29 de novembro de 2009, às 21:40

    Essa crítica do filme do Lula, lavou minh'alma.
    Eu justamente tinha lido tantas críticas ou comentários rancorosos, que morria de medo que o filme não fosse tão maravilhoso como eu queria que fosse.
    Mas agora a Eleonora falou e tá falado.
    Não tem pra mais ninguém.
    Uma vez li uma história que o Mino Carta contou que achei sensacional.
    Ele diz que a mãe do Lula tinha que ir trabalhar e não tinha com quem deixar o Lula e então ela o deixava enterrado até o pescoço, pra se certificar que nada, nem ninguém levaria seu filho dali, até que ela voltasse do trabalho.
    À primeira vista parece uma história meio sinistra, mas pensando bem, essa mãe já intuía a preciosidade que tinha em casa.
    Espero que o filme demonstre por a+b que a abertura política no Brasil se deve a um metalúrgico, que sem ter lido Marx, reuniu multidões no ABC, escreveu certo por linhas tortas e aí, todo mundo deu de ter coragem e começóu o movimento DIRETAS JÁ.
    Os tucanos, peemedebistas na época, usurparam a liderança e por pouco não tiraram o Lula da foto, mas como tudo deu no que deu, não sou eu que vai ficar aqui chorando o leite derramado.

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