Direção:
Adam McKay
Correria na
Casa Branca. O ataque terrorista às torres do World Trade Center, o 9/11,
acabara de ocorrer. O Presidente estava num avião e o Vice, Dick Cheney, numa
sala secreta e bem protegida. Lá estavam também todos os Vips do alto escalão
do governo George W. Bush.
No meio dos
políticos, generais e secretários de estado em quase pânico, o Vice viu algo
que ninguém viu, diz o narrador, uma oportunidade. Ele irá subir a uma posição
de autoridade nunca vista. Usando do seu jeito quieto, andando na sombra, ele
chegou lá. Vai comandar uma guerra. “Cuidado com o homem quieto, ele ataca sem
previsão”, lembra o narrador.
A maioria
das pessoas não sabia de onde ele vinha e nem quem ele era.
Sua
história começou em 1963. Estudante medíocre em Yale, ele foi expulso e por
causa de bebedeiras ao volante foi preso duas vezes. Sua namorada de escola e
futura mulher Lynne Vincent (Amy Adams, perfeita) ameaçou com um ultimato. Ou
ele se endireitava ou seria o fim do namoro.
Ele
prometeu e cumpriu. Mudou. Primeiro trabalhou anônimo na presidência de Richard
Nixon. Depois como assistente de Donald Rumsfeld (Steve Carell,
excelente) e foi subindo. A renúncia de Nixon foi uma tragédia para ele e sua
ambiciosa mulher. Mas, sendo republicano, participou com Rumfeld do poder do
partido. Foi depois senador e aprendeu, com mais sucesso ainda, a fazer
alianças proveitosas para ele. E foi trabalhar numa grande empresa de petróleo.
Muitos anos
depois, George W. Bush (Sam Rockwell, ótimo) liga para Cheney e o convida para
uma conversa. Trata-se da Vice-Presidência. Bush, que todos sabem nada
interessado em assuntos políticos em geral, deixaria tudo na mão de Cheney.
Assim, decisões capitais foram tomadas pelo Vice.
Mais. O
advogado de Cheney faz uma interpretação da Constituição que assegura que tudo
que o Presidente faz é legal. E estendeu essa regra também ao Vice.
O narrador
(Jesse Plemons) que só vamos entender quem é só no finalzinho do filme, faz um
balaço da guerra inventada por Cheney. Foram 4.500 soldados americanos e
600.000 civis iraquianos mortos.
O filme de
Adam McKay é uma sátira mordaz que faz caricatura dos personagens. Aliás o
elenco compreendeu bem o espírito do roteiro e está excelente. Christian Bale
incorpora o físico, com ajuda de próteses, o modo de falar e os maneirismos de
Cheney enquanto Amy Adams, a força por trás do trono, faz bem a mulher que é a
rocha da casa. A certa altura ela sussurra no ouvido do marido, numa festa na
Casa Branca:
“- Metade
das pessoas nessa sala nos inveja, a outra metade tem medo de nós.”
Bale já
ganhou todos os prêmios de melhor ator e Amy Adams e Sam Rockwell completam o
trio indicado para o Oscar.
Talvez o
filme interesse mais a cinéfilos por sua originalidade e edição nervosa e a
pessoas interessadas em política, por causa do modo como o diretor e roteirista
conta a história. Adam McKay já ganhou seu Oscar com
“A Grande
Aposta – The Big Short” sobre a crise econômica de 2008.
E as
pessoas em geral vão querer ver o filme por causa das interpretações premiadas
desse elenco excepcional.